quinta-feira, 6 de junho de 2013

Dominique

Chegamos na estação de trem de Skopje por volta das dez da manhã.
O taxista não conseguia encontrar o endereço, pediu pra gente o telefone de nossa anfitriã e ele mesmo ligou pra ela com a intenção de pedir referencias, achei inusitado porem ótimo, já estava tão apaixonada pela Macedônia nesse instante aí.
Eles se comunicavam em macedônio, daria um rim pra entender qualquer palavra que fosse daquela idioma que me instigava a audição, e então chegamos, Dominique nos esperava na porta de seu prédio e foi amor a primeira vista.
Uma senhora de 65 anos, de cabelos curto arroxeados, amiga de nosso amigo querido "Quem é amigo de Antoine é mais que bem vindo em minha casa" disse ela a sorrir e assim foi.
O prédio era cinza, seu apartamento o lugar mais colorido do mundo.
O pai havia sido um jornalista militante politico que todos os dias fazia um desenho aquarela de sua esposa e essas aquarelas estavam espalhadas pelo apartamento.
Eu e minha amiga ficamos hospedadas em um quarto laranja com fotos de abobaras e uma vista para a doce Skopje, era tanto amor.
Dominique sabia tudo sobre a cidade, francesa de Dijon morava na capital macedônia já há muitos pares de anos e conhecia todos artistas e políticos da região, nos levou em todo canto, do lado árabe ao lado ocidental e nos apresentou pessoas incríveis, e restaurantes e historias tantas, de terremotos à danças tradicionais do povo roma.
Quando falamos de amores incomuns , me levou em um corredor e me mostrou a foto de uma linda moça de cabelos cacheados "foi minha namorada por três anos, um dia partiu"
Dominique nos contava historias de tantos amores na realidade, tinha dois filhos mestiços de dois pais japoneses diferentes, cada um deles vivendo suas vidas em lugares distintos do mundo.
Nos levou no bairro roma, Chutka, onde casamentos tradicionais coloriam as ruas, nunca teríamos conseguido ir lá sem ela e agradeço muito.
Ah quantas histórias incríveis me contava Do, podia escrever um livro todo só com elas.
Um dia bebemos Rakija, a bebida forte dos povos balcãs, e embriagadas revelamos paixões em comum e segredos cheios de sonhos.

Dominique reclamava da solidão.

E eu nunca deixei de querer voltar.

Seus olhos se encheram de lágrimas quando partimos.

E os meus também.

Ela.