tag:blogger.com,1999:blog-69324959160737837152024-03-19T03:52:33.847-07:00trezentos e sessenta e cinco diasao voltar daquele ano um amigo que ficou lá me escreveu "Para não esquecer, lembre-se todos os dias, nem que seja um pouco, de algo que viveu aqui." Criei o 365 então.Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.comBlogger46125tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-33977424282292200172018-11-07T17:44:00.001-08:002018-11-07T17:54:05.973-08:00amsterdam palestinaJulho de 2010:<br />
<br />
Era uma noite quente de verão em Amsterdam.<br />
Estava com amigos que vieram me visitar.<br />
Amsterdam no verão era animada e colorida, nada a ver com os dias chuvosos e cinzas de inverno, as pessoas pareciam deixar o mau humor de frio guardado no armário, sorrisos e interações quase afetuosas rolavam pelas ruas, turistas apinhados em todos coffe shops da cidade, andando tranquilamente nas ciclovias, tirando a paciência dos ciclistas.<br />
A cidade tinha cheiro de mofo secando no sol e maconha.<br />
Andávamos de um bar à outro, eu estava inquieta, à cada cinco minutos queria mudar de ar e ambiente, devorar a noite quente, o sol que se punha as onze.<br />
Paramos em muitos bares, os amigos compravam vinho, bebi todos de todas cores.<br />
Em um certo momento sentimos fome, entramos em uma kebaberia cheia, parecia ser a melhor do centro.<br />
O homem por trás da chapa tinha semblante simpático, rosto redondo, bochechas marcadas e suor na testa, sotaque carregado, como eu também era estrangeiro naquele país, naquele mundo.<br />
Afetada pelo álcool me pus emocionada, senti saudades de casa e de comida de verdade, sempre achei a comida holandesa triste e as árabes tão verdadeiras e coloridas me davam saudades de casa.<br />
Puxei assunto com o homem da chapa, perguntei de onde ele vinha.<br />
- Palestina.<br />
- Ah sim, esta aqui há quantos anos?<br />
- Oito já!<br />
- Nossa, muito tempo, você sente saudades de casa? Eu estou aqui ha apenas oito meses e sinto muita saudades de casa.<br />
- Eu sinto mas não tenho nada para voltar...<br />
- Como? - fui muito ingenua, eu sei.<br />
- Toda minha família morreu na guerra, toda, não tenho absolutamente ninguém lá...minha mulher, meus filhos. - seguiu fazendo kebabs.<br />
<br />
Saí da loja no momento em que ele disse isso, não soube o que responder.<br />
Coloquei as mãos no joelho e lágrimas escorreram sem interrupções.<br />
<br />
<br />
2018: temos um presidente querendo transferir a embaixada para Jerusalém.<br />
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Dias sombrios.Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-24022894391019174642017-03-15T18:30:00.000-07:002017-03-16T09:16:41.989-07:00adeus suco de laranja inimaginável Eu demorei uma semana, talvez um mês, para terminar minhas malas e arrumar o quarto pra garota colombiana que me substituiria na Spitfire numero 5.<br />
Era tanta tranqueira eu havia acumulado em um ano que dava até medo, fazia o processo sempre pelas noites para as meninas não verem, porque era sempre doloroso Amber perguntando o que eu estava fazendo, ela gostava de fingir eu não iria embora. Hanna durona fazia descaso, era a forma dela de aceitar a situação sem sentir dor.<br />
A primeira despedida foi da Iara, ela me pediu pra não chorar, me abraçou muito e muito forte, beijou meu ombro como sempre fazia, não olhou pra trás, a vi virar a esquina com seu véu marrom cobrindo a cabeça, lágrimas molhando a escrivaninha.<br />
Tivemos um jantar de despedida, onde eu cozinhei algo brasileiro e apresentei danças brasileiras no projetor, tentei discursar não consegui, dancei essas danças e ainda posso lembrar dos olhos deles que não desviaram nem um segundo.<br />
O ultimo dia foi estranhamente feliz porque seguíamos fingindo nada estava acontecendo, comemos juntos como sempre, dividimos a torta de maça com chantilly como de costume.<br />
Era então hora de partir, parecia íamos pra um passeio mas não era, Hanna continuava durona e fazendo piadas "você nunca mais vai ver esse quarto pois bem"<br />
Fechei a porta do quarto, branco sem todas minhas fotos espalhadas e o olho embotou em lagrimas, tentei nao chorar. Hanna continuava sendo durona, Amber já tinha o olhar triste.<br />
Entramos no carro, Mark colocou as direções pro aeroporto no gps, apertamos sinto, eu entre as duas, Kelsey, grande amiga, no banco de trás, Suzanne no banco do passageiro.<br />
Começamos a partir e eu fiquei vendo a casa desaparecer sem parar de olhar um segundo, ai viramos a rua e a casa sumiu, eu voltei meu olhos pra dentro do carro e olhei pra elas, olhei pra Hanna e vi o olhar durão havia desaparecido, ela começou a chorar, eu comecei a chorar, Amber começou a chorar, Kelsey e Suzanne, Mark fez silencio.<br />
Choramos sem parar as exatas uma hora e meia de trajeto ate Schiphol, Hanna chorava tanto, soluçado, doído, eu apoiava meu queixo na cabeça dela e mantive a outra mão acalentando Amber, chorei tanto quase não conseguia enxergar os moinhos de vento, os campos de tulipa e o céu cinza de sempre, nenhuma palavra foi dita, a gente só chorou sem intervalos, eu acho nunca experimentei aquele sentimento de novo, era absurdamente triste ao mesmo tempo que era belo, eram 365 dias girando no estomago, pesando nos ombros, invadindo as frestas todas, era um amor tão absurdo por elas que eu nunca pude verbalizar, por Kelsey e Suzanne, mulheres que me deram força tantas vezes não pude contar.<br />
No aeroporto descontraímos um pouco e brincamos novamente como se eu não estivesse partindo, tiramos uma ultima foto e chegou o doloroso momento da despedida final, passar pra sala de embarque adeus<br />
Elas gritavam, me agarravam, foi tão difícil, as pessoas ao redor tentaram consolar, passei o detector de metais e coloquei as mãos no joelho procurando folego, olhei pra trás e vi a cena triste das mãos que acenavam, olhos e caras vermelhas de choro, parti do campo de visão pois tinha medo do coração parar sei lá.<br />
Os dias que seguiram e até hoje eu só lembro do que foi bom, os dias cinzas, os dias de cama e febre com saudade de casa, os dias de neve sem fim, o frio cortante, a birra das meninas, as tretas loucas de criança, as pilhas de roupa e a comida horrível, os contar de moedinha, pobreza, lanche ruizão d burger king, eu esqueci tudo e só sentia saudade, coração humano meio ridículo, só lembrei de bicicletas, noites raras quentes de verão, as viagens madrugueiras, o sol partindo as onze da noite, tardes no trampolin, torta de maça, chocomel, bitoquinhas no nariz, presentes de natal e vinhos depois das onze, só lembrei das comidas tailandesas, dos dias infernais indo pro centro de esportes debaixo de neve e trams parados, só lembrei da gente patinando no gelo e essa sou eu, Jenny até hoje, prazer!<br />
<br />
Nunca mais os vi, havia uma promessa sempre, dinheiro nunca houve.<br />
<br />
Nunca mais.<br />
<br />
Mas seguem as cartas e presentes no natal, as mensagens, os áudios, as noticias, cada dia com mais espaço, menos choro, menos saudade, mas fica, muita coisa fica, todo dia uma pequena lembrança diferente, pra sempre.<br />
<br />
E naquele ultimo voo de volta eu pedi tudo em holandês, isso me deixou ridiculamente feliz, inclusive o famigerado suco de laranja inimaginável<br />
SINAASAPPELSAP ALSJEBLIEFT !!!<br />
Goodbye! Sleep well!<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3W_2DpFQ_yuJW4hVI2zBNVpk8fI9uyP3LjYv9uQWbf5mUvyJADwoRy0-i-hqRHQDCJ6Nu7lPYPFZHn4kWK6cdbYSNI__db8QufTCLRgctTtt7-PcC0N0HTNJoHtlZp2j76PMHtYgN0ik/s1600/fim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3W_2DpFQ_yuJW4hVI2zBNVpk8fI9uyP3LjYv9uQWbf5mUvyJADwoRy0-i-hqRHQDCJ6Nu7lPYPFZHn4kWK6cdbYSNI__db8QufTCLRgctTtt7-PcC0N0HTNJoHtlZp2j76PMHtYgN0ik/s320/fim.jpg" width="320" /></a></div>
<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-9376624541429489042015-04-24T18:33:00.000-07:002015-04-24T18:33:03.132-07:00Amsterdam e o solera uma bicicleta de aluguel amarela<br />
era eu em cima dela<br />
freios no pedal, meus favoritos<br />
era uma amiga bretã visitando<br />
o sol tinha trazido uma nova cidade pra mim<br />
percorremos toda a cidade nessas bicicletas amarelas<br />
tinha gente fazendo despedida de solteiro em cada esquina<br />
turistas saindo de todos os coffe shops da cidade<br />
percorrendo animados a região do red light district, babacas<br />
amsterdam tinha nova cores, novos rostos, a juventude nas ruas sorrindo<br />
segurando suas heinekens, seus baseados livremente<br />
o sol iluminava as ruas, dourava os canais, os barcos, os transeuntes<br />
a transito de bicis era enlouquecedor e divertido<br />
o cheiro de bagulí por todas ruas e vielas, os grafittes isolados, as casas em barcos<br />
não sentia nem um pouco saudade dos dias cinzas, do frio em amsterdam<br />
o verão tinha desbrochado flores e amores<br />
e Van Gogh estava sorrindo<br />
a sombra das árvores entre o sol<br />
meu coração virando cores misturando-se em paletas<br />
eu estava derretendo<br />
eu estava transbordando.<br />
pelas ruas inundadas de verão em A'dam.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcVCclTFSm04-DOtn7mU7RWJMTugmJh_ztCASbMPDIIjbWmoCqo9LnVQDn3xl8cRXN_Sq0dO8a9uEzRX22UI9UZx0CZ-345BzImwSZuZgqbq450Woi7THuIkHJvBmORmmtm_JJb3AloD0/s1600/bici-001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcVCclTFSm04-DOtn7mU7RWJMTugmJh_ztCASbMPDIIjbWmoCqo9LnVQDn3xl8cRXN_Sq0dO8a9uEzRX22UI9UZx0CZ-345BzImwSZuZgqbq450Woi7THuIkHJvBmORmmtm_JJb3AloD0/s1600/bici-001.jpg" height="286" width="320" /></a></div>
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<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-38726228326670993452015-03-19T19:51:00.000-07:002015-03-19T20:21:09.264-07:00Jamal e a florFomos toda a família pra igreja do bairro, acho que foi a última vez que fui a igreja na vida.<br />
O motivo era certo: missa pra inciar os trabalhos de catecismo de Amber.<br />
Havíamos passado uma manhã inteira juntas aquela semana, para fazermos uma flor de papel com uma foto dela ao meio, era uma lição de casa da primeira semana de sua catequese, seria usada na igreja, diziam.<br />
Fizemos uma flor colorida, tamanho médio, com uma foto exibindo seus grandes dentes brancos, ela estava feliz e orgulhosa, eu também estava.<br />
Entrei na igreja com carinho por Amber, as igrejas holandesas de tijolos avermelhados, piso muito claro, madeira das colonias, tinha um coral de crianças louras e mais muitas cabeças louras naquele mar holandês nos acentos a frente.<br />
O padre tinha aquela aparência de todo padre, simpático tentando ao máximo ser engraçado com crianças mesmo que com pouco sucesso - Amber não riu muito e ela sabia rir de coisas realmente engraçadas, tanto quanto ela era.<br />
O coral cantava lindo, era emocionante mesmo de ouvir e como em todo evento naquela minha vida de país baixo, ver a Amber fazendo qualquer coisa, ou a Hanna, sempre trazia lágrimas aos olhos, porque tudo tinha um sabor amargo e doce de única vez e era sempre um constante adeus irreparável e insolúvel de todas as coisas.<br />
O momento da flor então chegou, o padre ia chamando o nome das crianças, uma por uma e elas deixavam suas famílias para ir até o altar, entregavam a flor que o padre colocava em um grande vaso e respondiam algumas perguntas aleatórias sobre suas vidas. Amber ficou tímida, as bochechas avermelharam.<br />
E no meio de todos aqueles nomes holandeses - Rosalie, Luuk, Lisa, Tim, Lars, Roos - o padre chamou um nome diferente - Jamal, Jamal... Jamal.<br />
Jamal demorou um pouco para responder, estava sentado no fundo da igreja, no último banco, com a única família negra em toda visão. Ele caminhou em direção ao altar de forma compassada e rítmica, com seus cabelos trançados, arrancando olhares curiosos; a flor de Jamal era a maior flor de todas as flores, possível daquela missa de catecismo e todas as outras anteriores, era uma flor linda, realmente gigante, redonda, de pétalas multicolores, cores vivas, vibrantes e fortes, uma foto bem grande dele ao meio.<br />
<br />
A flor de Jamal cobriu todas as outras flores, tinha pouco vaso para todas aquelas cores em dança excentrica de amarelo, vermelho, verde e roxo.<br />
<br />
Ela, em toda sua efemeridade, em toda sua saudade.<br />
Era livre.<br />
<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-32658835212600727132014-04-15T09:07:00.002-07:002014-04-15T09:10:26.636-07:00balões em multicoloresAs pessoas começaram a ir embora de pouco em pouco, já tão agitadas pela alegria dos dias que invadiam os corações pelo verão parisiense.<br />
Nós dois fomos ficando, cada vez mais agitados também, pela noite quente beira ao rio que nos consumia acelerada e doce.<br />
Nos vimos os dois, alí sentados, depois de um dia cheio de gestos e palavras, de um reencontro repentino cheio de balões multicoloridos, malabares, amigos, amor e vinho.<br />
As palavras foram encurtando, dando espaço para um silêncio suave. coração batia em compasso de canção feliz e rápida, calma e derretida.<br />
Um jogo de palavras soltas qualquer, um óculos também e a certeza de que queríamos a mesma coisa veio assim, fugaz, dentro de um ritmo sútil e verossímil.<br />
Dei-lhe um beijo na testa, um na bochecha, outro no queixo, leves beijos em toda sua face, ele os recebia em paz e de coração aberto.<br />
"its feels so good" sussurrou.<br />
Alcancei seus lábios e nos beijamos de forma inquieta e terna e quente, durou um instante e foi pra sempre.<br />
Saímos pela cidade apaixonados dentro daquelas horas, brincávamos com todos os transeuntes, todas as verdades ditas e as não ditas, corríamos, andávamos lento, ríamos mais, andávamos mais rápido, atravessávamos onde não se podia, a morte seria impossível dentro de tamanha eloquência dos sentidos.<br />
Cerrei meus olhos e pedi que me guiasse e o fez, braços passados em minha nuca, beijava-me a testa, dava orientações tão claras, sua voz entrava dentro da parte mais doce e suave que há em mim, por todos os cantos, não me deixou cair, nem tropeçar, me guiou pela cidade luz sem que nenhuma luz por mim precisasse ser vista, colocou sem saber aquele verão, em uma fotografia em preto, branco, em filtros frutacor, em monocromático e sépia.<br />
Chegamos em seu apartamento no 16º arrondissement.<br />
E tudo foi amor, calor e saudades.<br />
Calor, amor e saudades<br />
Amor e saudades<br />
Saudades...<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="https://ytimg.googleusercontent.com/vi/e6dYB35lF_0/0.jpg"><param name="movie" value="https://youtube.googleapis.com/v/e6dYB35lF_0&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><param name="allowFullScreen" value="true" /><embed width="320" height="266" src="https://youtube.googleapis.com/v/e6dYB35lF_0&source=uds" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true"></embed></object></div>
<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-85546381520840622612013-09-21T08:04:00.003-07:002013-09-21T08:23:12.445-07:00nosso universo no jardimposso me lembrar que o sol na holanda apesar de escasso, quando vinha era muito mais belo que qualquer sol no mundo, talvez devido a sua ação renovadora nas pessoas, talvez tamanha era a ansia que todos tinham por ele e como em amor comemoravam sua chegada.<br />
nos dias de sol nós, eu e as meninas, em nosso universo, gostávamos de brincar no jardim, em principal pulando na cama elástica, elas gostavam muito de brincar comigo, porque com meu contrapeso elas conseguiam ir muito mais alto, muito mais.<br />
'vamos jenny, só com você eu chego muito alto'<br />
e lá íamos nós pular e pular, e eu realmente conseguia fazer elas chegarem muito alto, era só alternar nossos pulos, e sempre de mãos dadas, elas não iam se não estivéssemos de mãos bem dadas, as três, e riamos, e riamos, e depois jogávamos nossos corpos inteiros na cama, que iam pulando até sossegar, e elas rolavam por cima de mim e todas riamos felizes, e eu lembro dos raios de sol que iluminavam suas faces rosadas, um sol claro e luminoso, suas faces e seus dentões de crianças sorrindo, o céu azulinho, azulinho, com nuvens cortadas de lado à lado.<br />
às vezes me pediam para fechar os olhos, e me faziam massagem nos pés e nas mãos e nos braços, com água e sabão pra refrescar, levavam muito à serio, depois revezávamos, era a simplicidade mais doce de nossas vidas.<br />
"te amo meninas"<br />
"te amo jenny"<br />
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cócegas<br />
abraços<br />
beijos na testa<br />
<br />
dessas memórias que são parte de mim<br />
dessas partes de mim que em palavra o amor não cabe.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimod7G7HU_qBBjBbkUR8UlFmdrYfS1QwzXDblXiObKUm5y2Zs04UjnVVvZhGm9J2E259qDzzkR59YTtNMDmv7cWIAIJfToiB74JaDoTr7Ltf01nakgHJgZyqHYwIRRSqudWc9yqOeisrg/s1600/trampo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimod7G7HU_qBBjBbkUR8UlFmdrYfS1QwzXDblXiObKUm5y2Zs04UjnVVvZhGm9J2E259qDzzkR59YTtNMDmv7cWIAIJfToiB74JaDoTr7Ltf01nakgHJgZyqHYwIRRSqudWc9yqOeisrg/s400/trampo.jpg" width="400" /></a></div>
<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-5503286422677245402013-07-12T18:27:00.001-07:002017-07-09T21:35:50.853-07:00where is bjork now? leia ao som de - <a href="http://www.youtube.com/watch?v=84i7zQ_ACnU">Saeglopur Sigur Ros</a><br />
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Quando cheguei em Reykjavik a emoção, euforia mais um monte de coisas tomaram conta de tudo que posso me lembrar.<br />
Era como chegar na lua ou coisa parecida, cheguei no inicio da madrugada e não tinha mesmo noite, era verdade, o céu estava claro como as seis da tarde e nunca mais escuro que isso. Peguei um ônibus no aeroporto para o centro da cidade que fazia parada nos hostels, o meu era o último, era como 2 da manhã e já estava amanhecendo.<br />
Não fiquei muito no hostel, só uma noite, no dia seguinte fui pra um couch do CS, era um casal, a menina era búlgara e o cara islandes da gema, se assim posso dizer, no primeiro dia dediquei a andar pela cidade, achava graça das lojas de souvenir que exibiam camisetas com dizeres como "where is bjork now?" e "simpathy for de devil" com um desenho de um homem palitinho dando um lenço pra um demônio, também palitinho, sentado em um banquinho chorando e talz. O senso de humor islandês ficava estampado em todo lugar, eu amava, a minha piada favorita, que ouvi de muitos locais era a charadinha "o que fazer se você se perder em uma floresta na Islândia? - fique de pé" - as árvores islandesas são sempre anãs, os vikings cortaram todas antes de perceber que em chão de lava o crescimento de qualquer coisa é muito difícil e demorado, que dó.<br />
Realmente não vi a Bjork, nem o Jonsi, mas por todo canto que me perguntavam o que eu estava fazendo lá eu dizia que era por causa do Sigur Ros, até o dia, em um festival de música em uma cidade litorânea - como todas- um mocinho disse que aquela era a cidade onde Jonsi tinha sua casa de verão e me levou até lá, entrei no jardim e fiquei curiando pela janela, observando cada detalhe da casa do Jonsi, foi bem bonitinho.<br />
Bebendo cerveja Viking (claro) conversando com essa galerinha singular pra burro, era como se ser tão poucos no mundo todo obrigasse as pessoas a serem naturalmente engraçadas, amáveis e eternas na memória, como pra se perpetuar de alguma maneira.<br />
Topa foi uma guria que me levou pra passear pela cidade nos primeiros dias, morava na casa dos pais com a namorada, passamos em sua casa e todos eles jantavam com a namorada conversando super entrosados como se a menina fosse membro da família, o amor entre duas mulheres ficou muito nitidamente natural naquele contexto como sempre deveria em todo lugar do mundo, eu achei tão lindo, alí naquela casinha islandesa já estava acontecendo. Ela me levou pro seu bar favorito na cidade e me inspirou a comer panquecas americanas com bacon e muito syrup em cima, eu nunca me esqueci de nada disso, até hoje faço reproduções desse prato quando possível.<br />
Fiz passeios turísticos dois dias, mas eram caros e detestava fazer tudo com minutos marcados, mas foi com esses passeios que fui ver os geysers e a lagoa azul. <br />
Os geysers- coisa mais absurda desse mundo, você fica lá impaciente vendo aquela água borbulhar, fede pra burro, tipo enxofre e aí pumba, a água explode loucamente pelo ar, muito alto, muito braba, muito linda e te molha e te respinga e você tipo chora.<br />
A lagoa azul- coisa tão surreal, tinha que ficar pelado antes de entrar, era regra na Islândia, antes de entrar em qualquer piscina, banho geral sem nenhuma peça, na lagoa foi assim, era quentinha e tinha um bar no centro, tomei um suco de muitas muitas coisas, grosso e azedo, às vezes a água ficava muito quente, me dava um pouco de medo, e o spa deixava uns baldes com a lama branca extraída do fundo pro povo passar no corpo, e eles realmente passavam, em mim só deu muita coceira.<br />
Sorte os meus hosts me convidaram pra acampar com eles no terceiro dia, acampar na Islândia era surreal porque você ia dormir com muitos muitos agasalhos e sacos de dormir pra às três da manhã, quando o sol já estava bem no alto você começar a semi fritar e sem escuridão total às vezes era difícil pegar no sono, bem dificil na real!<br />
Acampando percorremos o lado sul da ilha, vimos quedas d'água cheias de beleza, vales, centenas de ovelhas, inúmeros arco-iris, cidadezinhas, festivais, praias de areia negra e tanto, tanto espaço, eu ouvia Sigur Ros o dia inteiro, e caminhava, e agradecia, e chorava e comia, que delícia era a comida de acampamento, e agradecia mais um pouco, e chorava de emoção de novo.<br />
Ultimo dia fizemos uma trilha em busca do rio que corria quente, falávamos dele desde o primeiro dia, e a caminhada foi longa mas tão gratificante, a vista era de tirar o folego e a água era realmente tão quentinha, tão cristalina, tão incrível e acolhedora, sabe aquela expressão "agora eu posso morrer" então.<br />
Foi difícil ver a Islândia sumir quando a aeronave já alcançava as nuvens.<br />
Foram oito dias que foram anos dentro de mim, eu entendi tudo, eu entendi tudo e parecia abraçar o mundo, sinto saudade muitas vezes, a saudade misturada com agradecimento por ter conseguido, é um dos sonhos realizados mais doces que tive, trabalhei duro, pedi ajuda, guardei todo centavo pra aquela viagem e nossa, foi o dinheiro mais bem gasto de toda minha vida.<br />
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A Islândia é minha, aqui dentro, para o todo sempre até o fim, e desculpe-me, nunca vai caber realmente em palavra alguma.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJzETZQWMj2oom18VF5QenbFqIXADMgAz07Kj9O4UVviGC-22shpzeNukXXOXLwcZgCr_5xrJTjqJjIZ2QbMI0KGepkxjBWWTZaL9sLCWzPp_KDAzfynRAtGsjdYsKE_fw1gjUQcDBVvU/s1600/aaaaaa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJzETZQWMj2oom18VF5QenbFqIXADMgAz07Kj9O4UVviGC-22shpzeNukXXOXLwcZgCr_5xrJTjqJjIZ2QbMI0KGepkxjBWWTZaL9sLCWzPp_KDAzfynRAtGsjdYsKE_fw1gjUQcDBVvU/s400/aaaaaa.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">Inní Mér Syngur Vitleysingur </span></span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-71140601779847118452013-06-06T06:14:00.002-07:002013-06-06T06:14:28.390-07:00DominiqueChegamos na estação de trem de Skopje por volta das dez da manhã.<br />
O taxista não conseguia encontrar o endereço, pediu pra gente o telefone de nossa anfitriã e ele mesmo ligou pra ela com a intenção de pedir referencias, achei inusitado porem ótimo, já estava tão apaixonada pela Macedônia nesse instante aí.<br />
Eles se comunicavam em macedônio, daria um rim pra entender qualquer palavra que fosse daquela idioma que me instigava a audição, e então chegamos, Dominique nos esperava na porta de seu prédio e foi amor a primeira vista.<br />
Uma senhora de 65 anos, de cabelos curto arroxeados, amiga de nosso amigo querido "Quem é amigo de Antoine é mais que bem vindo em minha casa" disse ela a sorrir e assim foi.<br />
O prédio era cinza, seu apartamento o lugar mais colorido do mundo.<br />
O pai havia sido um jornalista militante politico que todos os dias fazia um desenho aquarela de sua esposa e essas aquarelas estavam espalhadas pelo apartamento.<br />
Eu e minha amiga ficamos hospedadas em um quarto laranja com fotos de abobaras e uma vista para a doce Skopje, era tanto amor.<br />
Dominique sabia tudo sobre a cidade, francesa de Dijon morava na capital macedônia já há muitos pares de anos e conhecia todos artistas e políticos da região, nos levou em todo canto, do lado árabe ao lado ocidental e nos apresentou pessoas incríveis, e restaurantes e historias tantas, de terremotos à danças tradicionais do povo roma.<br />
Quando falamos de amores incomuns , me levou em um corredor e me mostrou a foto de uma linda moça de cabelos cacheados "foi minha namorada por três anos, um dia partiu"<br />
Dominique nos contava historias de tantos amores na realidade, tinha dois filhos mestiços de dois pais japoneses diferentes, cada um deles vivendo suas vidas em lugares distintos do mundo.<br />
Nos levou no bairro roma, Chutka, onde casamentos tradicionais coloriam as ruas, nunca teríamos conseguido ir lá sem ela e agradeço muito.<br />
Ah quantas histórias incríveis me contava Do, podia escrever um livro todo só com elas.<br />
Um dia bebemos Rakija, a bebida forte dos povos balcãs, e embriagadas revelamos paixões em comum e segredos cheios de sonhos.<br />
<br />
Dominique reclamava da solidão.<br />
<br />
E eu nunca deixei de querer voltar.<br />
<br />
Seus olhos se encheram de lágrimas quando partimos.<br />
<br />
E os meus também.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDfKQ9lCVL6TDGzTrQhsYoItM8ux2fJfWINNNv3BVsz6frpByS2lMUjZMn8jCxcGL72BR-hMn0zL6vHwJUehyphenhyphenJos8V-skzu1OzVe2Kk3tL2y8u8T-Nc6lOeZS2IlAQn5-WplPuEao3Jpg/s1600/do.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDfKQ9lCVL6TDGzTrQhsYoItM8ux2fJfWINNNv3BVsz6frpByS2lMUjZMn8jCxcGL72BR-hMn0zL6vHwJUehyphenhyphenJos8V-skzu1OzVe2Kk3tL2y8u8T-Nc6lOeZS2IlAQn5-WplPuEao3Jpg/s400/do.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ela.<br /></td></tr>
</tbody></table>
<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-79634361922467199062013-04-26T07:54:00.003-07:002013-04-26T07:54:37.205-07:00feliz aniversário uma única vez.Uma semana antes do meu aniversário, na hora do café da manhã, Amber me perguntou:<br />
- Jenny, você não fica triste de passar seu aniversário longe de sua família?<br />
eu respondi sem pensar duas vezes<br />
- Até fico, mas eu quero partilhar isso com vocês também, será apenas uma vez e será muito incrível, eu sei. <br />
<br />
Como de costume em aniversários holandeses, a família te acorda no café da manhã, eu acordei cedo só pra tomar banho e me arrumar e fui deitar fingindo que não sabia de nada, escutei as meninas correndo pela casa, Suzanne também e eu fingindo dormir, lembro que um cara veio trocar a lampada da cozinha e nunca mais parou de falar e meu coração já apertadinho, comecei a ter medo que tivessem me esquecido, só que claro que logicamente NÃO!<br />
Acordaram-me cantando a doce canção de aniversário holandesa com croissants e geleia e muitos presentes, Hanna me deu minha sobremesa favorita, as famosas Soesje, Amber me deu um caderno porque sabia que eu amava escrever o tempo todo, e Mark e Suzanne, a Mark e Suzanne me deram uma Nikon D40 e eu tremia, eu chorava, eu sei lá o que, queria abraça-los até esmaga-los mas acho que eles achariam estranho, então não o fiz. <br />
Durante o dia Kelsey, minha melhor amiga daquele ano, a canadense mais surrealmente linda do cosmos, veio em sua bike amarela me trazer presentes, cds, escritos, postais e doces, muitas mensagens vieram do Brasil também, eu me enchia de universo.<br />
Anoite a família me levou pro Rodizio, o restaurante brasileiro que ficava na praia de Scheveningen, eu achava o nome bem bobo no entanto, mas fui toda feliz da vida, já fazia 11 meses que não comia comida brasileira e chegando lá corri pro buffet e saí colocando tudo no prato, farofa, feijoada, pão de queijo, sim pão de queijo, quando olhei pra trás vi que os holandeses me copiavam e eu dizia "é assim mesmo" eles não faziam ideia de como funcionava essa coisa de se auto servir, coisa nada comum na Holanda, e foram me copiando. Fiquei frustrada porque todos os funcionários do restaurante eram portugueses ou cabo-verdianos, não encontrei um único brasileiro pra contar a história. Tinha um telão enorme passando lambada, os garçons não paravam de trazer carne, Mark tomou uma caipirinha e ficou bebadinho, o restaurante era uma farra resumindo, muita informação, eu queria rir não sei, os holandeses não sabiam pra onde olhar, o que sentir, eles sempre em ambientes extremamente organizados, de repente alí naquele caos cheio de delícias, e era tanta bunda naquele telão que eu preferi nem dizer nada.<br />
Aí veio o ápice, parou tudo, colocaram uma Bete Carvalho estourando os tímpanos e três meninas semi nuas, com pena, tanga e tudo o que tem direito, desceram pro salão e começaram a sambar loucamente em cima dos clientes, levando ao delírios os pais de família e encantando quem quer que fosse, chamaram Amber pra dançar e ela foi, eu fui junto, as dançarinas eram de cabo-verde também, mas sambavam tão lindo, Suzanne tinha a boca aberta, nem conseguia assimilar.<br />
Voltamos pra casa todos cheio de energia, Mark bêbado de caipirinha, foi levado pra cama guiado pelas filhas, eu fui dormir cheia de amor, alegria, agradecimento e saudade.<br />
Dia seguinte, me deixaram um bilhete no balcão da cozinha<br />
<br />
"Jenny, muito obrigada por ter trazido o Brasil pras nossas vidas"<br />
Mark, Suzanne, Hanna e Amber<br />
<br />
e eu chorei.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkxwKchJJ_qiUzv8_zFtLMp_jDxBX52QdCQbabuC91ALD9wZSfUolrqzVTxkL_rqCuvPfofpJSm_7kv2tX5C1cTtYm1NeZGoYXlvPsPnp0EHAV-ksGa0HWKyz9LPlQnwb54PBimqwj2Bk/s1600/eu+e+amber+aniver-001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkxwKchJJ_qiUzv8_zFtLMp_jDxBX52QdCQbabuC91ALD9wZSfUolrqzVTxkL_rqCuvPfofpJSm_7kv2tX5C1cTtYm1NeZGoYXlvPsPnp0EHAV-ksGa0HWKyz9LPlQnwb54PBimqwj2Bk/s320/eu+e+amber+aniver-001.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Amber e eu</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2N6AfNXR4txL8UGHUEHvopB6gWNWUqHdWNiAOArRdsl3DhLBSyFq-qSW7r1pizt5_-nGxPOVymKy-TziHafANzqsdq3T8TNcQRgWrQ2WSmPyOnt7Ckg7ozQUgO3VOU6MZAT786xREg40/s1600/meninas+sambando-002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2N6AfNXR4txL8UGHUEHvopB6gWNWUqHdWNiAOArRdsl3DhLBSyFq-qSW7r1pizt5_-nGxPOVymKy-TziHafANzqsdq3T8TNcQRgWrQ2WSmPyOnt7Ckg7ozQUgO3VOU6MZAT786xREg40/s320/meninas+sambando-002.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">As dançarinas</td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-21049074499509057092013-03-23T10:50:00.000-07:002015-03-23T10:26:52.514-07:00ensaios sobre a economiaEconomizar, essa é a palavra de ordem de toda e qualquer au pair que se preze.<br />
Eu fiz o mesmo, todas fizemos e quem não fez está mentindo.<br />
Fiz trabalhos ridículos para uma grana extra, como preencher buracos com areia e não me peçam pra explicar, nas compras da família sempre incluía itens para minha pessoa, nas viagens os lanches de rua mais econômicos, levava lanche da casa grande, só andava de trem em horário fora de pico que tinha desconto, me hospedava na casa de qualquer pessoa, amigo de amigo, tio do amigo do primo do cachorro, ia de bike pra todo canto, pegava carona de uma cidade à outra com um bando de gente desconhecida, cinema era luxo, alugava filmes na biblioteca, no verão era só um euro, sucesso!<br />
Roupas novas só na Zeeman a loja mais barata do mundo, jantava no restaurante da Hema que era quase de graça, no Burger King fazia questão do menu de 1.99 que eles nem divulgavam, sim, eu pulei catraca e dei de joão sem braço em trens e metros em diversas cidades e não me envergonho disso, sorvete de sorveteria só se estivesse com as crianças e logo com a carteira da família, caso contrário só no mercado, andava com colherinhas plasticas na bolsa e só comprava sobremesa no Albert Hein e afins. Roubava lenços de papel da casa, museu só os que aceitavam o cartão do museu, dispensava passeios pra passar o dia com a família onde não gastava com nada, o que era bizarro, pois apesar da pobreza também comia nos melhores restaurantes e bebia vinho todas as noites e morava em uma casa toda rica e desfrutava muito desses pequenos luxos, talvez mais que os próprios donos que só trabalhavam o dia inteiro.<br />
E apesar da extrema pobreza não me importava em nada, sempre dava um jeito, e fiz tudo que o tempo me deixou fazer, e acho que não aproveitei em menos, a pobreza me levava à situações cômicas e pessoas incríveis que certamente não teria conhecido em restaurantes e ou hotéis de luxo.<br />
Eu ganhei muito mais coisa, muitas mais, que dinheiro no mundo inteiro não compraria nem se ele quisesse. Sorrisos, afagos, piqueniques, viagens de bicicleta, gente inacreditável de incrível pelas estradas, histórias cheias de fascínio no antes de dormir, amores, risos, rostos, faces e lágrimas de saudades com promessa de pra sempre.<br />
<br />
o coração será sempre gratuitoJenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-24413981592571057912013-02-19T01:02:00.005-08:002013-02-19T01:06:57.557-08:00ensaios sobre Den HaagEu morava em Den Haag, mentira, na real morava em Nootdorp nos subúrbios da cidade, mas era em Den Haag onde tudo acontecia, ou não, eu particularmente amava ir pra lá pedalando, 40 minutos de pura delicia, ainda mais quando os ventos do mal estavam em cena, chegava no centro da cidade sem sentir mais minhas pernas.<br />
Nos bares pedia sempre a mesma coisa, a cerveja branca (witte biertje) com limão no fundo, meu lugar favorito era sem duvida a biblioteca gigante, onde muitos filmes eram alugados por apenas 2 euros a semana, nas ferias era apenas 1 SUCESSO. Triste era quando o filme era norueguês com legendas somente em holandês, hounf.<br />
Den Haag é a capital parlamentar da Holanda, onde a rainha mora, onde fica todos os consulados e embaixadas e onde os julgamentos internacionais acontecem no International Court of Justice das Nações Unidas.Ui!<br />
Lá também fica a praia mais famosa da Holanda, Scheveningen, e se você acha que esta falando esta palavra certa não está não, tenha certeza. Os bares da praia eram montados no verão e iam ao chão no inverno, afinal fui a praia no inverno uma vez, com mil casacos, toda serelepe e de repente pensei que fosse morrer de tanto frio e meu corpo seria encontrado dias depois recoberto em areia na minha primeira semana no pais, resumindo, foi horrível e traumatizante. Nem no verão, eu ousei colocar nem a ponta do meu dedo mindinho naquela água e não me arrependo nada.<br />
A praia era feia mas o mais legal eram as construções ao entorno, como um resort gigante que não lembro mais o nome, parecia um castelo de filme, tinha também um treco lá que não lembro mais o que era, mas era como píer gigante que dava pra andar dentro e talz, e na praia também ficava o restaurante doido brasileiro onde passei meu vigésimo segundo aniversário.<br />
Gostava de levar Hanna e Amber pra Den Haag, pro cinema era o mais divertido, no tram elas só faltavam subir no teto e eu fingia que não as conhecia muito bem, quando fomos em Madurodam, o museu que tem a Holanda TODA em miniatura, quiseram fazer gracinha e ficaram presas na porta giratória, eu rio dessa lembrança até hoje.<br />
Den Haag me viu partir em viagem muitas vezes, me viu voltar, me viu com as amigues lindas atravessando a cidade em nossas bicicletas coloridas, foi onde aprendi holandês e encontrei muita gente esquisita, comi muito kebab nos bairros árabes e me entupi de marshmallows.<br />
Eu voltaria em Den Haag e abraçaria com ternura o primeiro poste que encontrasse, embora quando morava lá jamais pensei que um dia faria.<br />
<br />
Danças na areia e riso em fim de tarde multicolorido.<br />
<br />
Minha melhor fotografia verbal da cidade abaixo do nível do mar mais legal do mundo.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6p5DxbYJEYAq71FOYRZVNMcSZwduepiQi8rnQu3UevT1yKIG-JlhphHHbWEncMQFDywsRSh0oX-VkEffPmtaHq3v3Xhl4EyBMCUH6oAY1h62j8Ps5g0jgg2j3DUp43AkT_cu-I9rbixc/s1600/den+haag+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6p5DxbYJEYAq71FOYRZVNMcSZwduepiQi8rnQu3UevT1yKIG-JlhphHHbWEncMQFDywsRSh0oX-VkEffPmtaHq3v3Xhl4EyBMCUH6oAY1h62j8Ps5g0jgg2j3DUp43AkT_cu-I9rbixc/s400/den+haag+2.jpg" width="400" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGo4Q_11D_YdejSRUxu3R4-nBocaAQdk4g181p2cmdhTr05bZf5TS4Zp13uytRWATU5bIEabuY4ORKFw8Yz1dQqnRYueRrwa1Te_7byHT5fbD_L4euowdvuJ-QFNvEIHgjTt56tBzgG_I/s1600/den+haag+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGo4Q_11D_YdejSRUxu3R4-nBocaAQdk4g181p2cmdhTr05bZf5TS4Zp13uytRWATU5bIEabuY4ORKFw8Yz1dQqnRYueRrwa1Te_7byHT5fbD_L4euowdvuJ-QFNvEIHgjTt56tBzgG_I/s400/den+haag+3.jpg" width="400" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpC77Qw5x5ZCbFzWTXDuWTO15dNcvUYA1c0664EstimgDuOab4szpaEDMiin1CdYt8OPW5d7oxxPe-SSFQV7xITKkHtS9HsW_xGKgr-87oENV_csINbB_92LLC-iHp2uAdhkqajmtkvjc/s1600/den+haag.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpC77Qw5x5ZCbFzWTXDuWTO15dNcvUYA1c0664EstimgDuOab4szpaEDMiin1CdYt8OPW5d7oxxPe-SSFQV7xITKkHtS9HsW_xGKgr-87oENV_csINbB_92LLC-iHp2uAdhkqajmtkvjc/s400/den+haag.jpg" width="400" /></a></div>
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<br />
<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-20575097990861427952013-01-26T17:04:00.002-08:002013-01-26T17:06:17.569-08:00aquele que se sentou ao meu ladoEntrei na aeronave, sentei, ainda em choque, não tive reação alguma, ainda não tinha ninguém do meu lado, sempre me pergunto quem vai ser essa pessoa, porque pode ser agradável ou um terror absoluto, no mais às vezes fico feliz quando não senta ninguém, em aviões então, classe econômica é claro pra mim, e a falta de espaço é obvia, nos voos da KLM eu teria duas mantas azuis felpudas e não teria que me preocupar se a pessoa fosse uma completa bossal.<br />
Ainda ficava na mente o olhar dos amigos que foram no aeroporto se despedir, meu namorado na época, todos eles chorando e eu partindo, ainda não absorvia direito.<br />
Estava quase todo mundo embarcado e ainda ninguém havia ocupado o assento ao meu lado, já estava conformada com a solidão, quando então um moço alto e bonito apareceu, ele olhou pra mim como se já nos conhecêssemos, como se estivesse me dizendo "aí está você, cheguei finalmente".<br />
Ele realmente estava meio atrasado, e depois que se sentou pouco depois a aeronave entrou em processo de decolagem, eu ainda em estado de choque, e em poucos minutos já estávamos no ár, ainda nenhuma lágrima, foi então quando resolvi olhar pela janela e vi são paulo sumir, e quando são paulo sumiu eu chorei, chorei quase que por meia hora soluçando e tudo, o moço ao meu lado não disse uma palavra mas estranhamente senti que não estava sozinha, quando finalmente parei de chorar ele então resolveu iniciar uma conversa.<br />
E conversamos por exatas 11 horas que se seguiram, como se fossemos amigos de longa data, assistimos a um filme, que eu recomendei "where the wild things are", cada um em sua tela, mas ele fazia questão que estivéssemos sempre sincronizados, ao fim do filme olhei pra ele e percebi que chorava sorrindo, sofri de uma paixão de momento, claro, tínhamos nossos ombros encostados e foi todo nosso contato físico e pra mim isso foi muito bonito de verdade.<br />
A viagem chegava ao fim, já podia ver a colcha de retalho que formavam os pastos holandeses enquanto o piloto esperava permissão pra aterrissar, o céu cinzento como seria quase todos os dias, ansiedade e medo, mas olhar pra Elmar dava uma paz enorme. Cara, como ele foi essencial.<br />
<br />
Uma semana depois trocamos dois emails ou menos e nunca mais nos falamos, às vezes me pergunto se ele era mesmo de verdade.<br />
<br />
E o ano todo foi assim, encontro com pessoas que mudaram tudo e partiram.<br />
<br />
Queria que ele soubesse, vou escrever um bilhete.<br />
<br />
<br />
<object width="250" height="40" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" id="gsSong2323256563" name="gsSong2323256563"><param name="movie" value="http://grooveshark.com/songWidget.swf" /><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=grooveshark.com&songID=23232565&style=grass&p=0" /><object type="application/x-shockwave-flash" data="http://grooveshark.com/songWidget.swf" width="250" height="40"><param name="wmode" value="window" /><param name="allowScriptAccess" value="always" /><param name="flashvars" value="hostname=grooveshark.com&songID=23232565&style=grass&p=0" /><span><a href="http://grooveshark.com/search/song?q=Karen%20O%20and%20the%20Kids%20Food%20Is%20Still%20Hot" title="Food Is Still Hot by Karen O and the Kids on Grooveshark">Food Is Still Hot by Karen O and the Kids on Grooveshark</a></span></object></object>Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-91006004483040213992012-11-01T18:23:00.002-07:002013-06-11T21:08:42.733-07:00detalhes que me retornam quando eu ando de trem<span style="font-size: small;"><b>a saudade é composta por um conjunto de flashes de memorias que nos podem atacar a qualquer horário do dia, no meu caso, principalmente, sentada no trem e às vezes até mareja os olhos.</b></span><br />
<span style="font-size: small;"><b>as pessoas todas dessas memorias, nem devem saber o quão seus detalhes de gestos tão particulares me deixaram sobre as retinas da saudade.</b></span><br />
<span style="font-size: small;"><b>E nem precisamos ter convivido tanto tempo, eu produzo saudade com facilidade, aos olhos da bondade e de um dia de sorriso partilhado, de gente que escreveu meu nome em pedaço de papel pra não esquecer, mas quiça tenha esquecido, não eu, e não me abala em tanto as deficiências da mutualidade, dentro de mim as coisas vivem em paz, e em viagens, onde despedida era liquidação, os detalhes, esses eram essenciais da existência efêmera.</b></span><br />
<span style="font-size: small;"><b>lembro-me de um olhar que passeava muito rápido junto com a velocidade do metro indo pelas estações, teve aquele beijo que era dado no ombro, a busca insistente das vestes de dormir por debaixo dos travesseiros, os bilhetinhos deixados sobre o balcão da cozinha, o riso incontido, as caras de susto mais engraçadas do mundo, os ataques de stress por bobagem e a risadaria mais tarde, um andar galante com ornamentos fantásticos dentro de um mistério tão bonito, a mesma escolha pelos mesmos sabores de sorvete todas as vezes, e giravam e pulavam, suas roupas largas e suas meias em <i>multicoloridades</i>, sempre sem fazer par, a cantoria pelos corredores, seu cheiro de flores, seu sotaque engraçado, aquele jeito de fumar e de apertar os lábios com o polegar apos a primeira tragada, a risada de senhor de noventa anos mesmo sendo tão jovem, tão jovem, tão vivo.</b></span><br />
<span style="font-size: small;"><b>Eu catalogo esses gestos, eu os imprimo na essência, eu os tento reproduzir em uma forma discreta de não apenas lembrar de todas essas pessoas, mas de vivencia-las em meus passos longiquos, ninguém precisa saber disso, embora agora talvez o saiba, mas eu as sinto pelos gestos particulares e a distancia se torna menos assustadora, enfraquecedora de relações e manipuladora das verdades presentes.</b></span><br />
<span style="font-size: small;"><b>e o trem nunca deixou de me levar pra estação certa, mesmo que eu não consiga ver as formas que do lado de fora se apresentam devido aos pingos de chuva.</b></span><br />
<span style="font-size: small;"><b><br /></b></span>
<span style="font-size: small;"><b>o amor nunca foi tão simples assim.</b></span><br />
<br />
_____________________________<br />
ao som de <a href="http://www.youtube.com/watch?v=-USK4bykABw&feature=fvst">Sigur Rós - Varðeldur </a>Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-47508520375942620292012-09-22T14:22:00.002-07:002012-09-23T12:22:01.943-07:00.bicicletando.<div class="ecxMsoNormal">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">Dizem que na Holanda saber andar de bicicleta é
fundamental.</span></span></b><br />
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"> </span></span></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">E soube que isso era verdade quando vi que era necessário
informar minhas habilidades com a tal no formulário de inscrição,
a moça da agencia disse que a resposta negativa para esse item reduziria em
muito as minhas chances de conseguir uma hostfamily.</span></span></b><br />
<b><br /></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">Entrei em pânico, pois eu, nos meus 21 anos,
realmente não sabia andar de bicicleta! Não sei o que me aconteceu na infância,
deve ter sido algum tipo de autismo, só sei que pulei essa etapa da meninice.</span></span></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">Um grande amigo veio me ajudar a aprender então, segurava o banco pra
mim e tudo, mas em um certo momento disse que apenas eu poderia conseguir, não
adiantava mais, então sentou, e ficou me observando quase cair 72 mil vezes, mas eu não desisti, levantava e ia de novo e de novo e de novo
até que não sei, bicicleta é essa coisa mágica, de repente as coisas dão certo
e você sai realmente do lugar sem cair, a sensação é tão bonita, fiquei tão
feliz que esqueci de freiar e fui contra a muretinha da quadra onde treinava,
mas nem me importei, sorria de canto à canto.</span></span></b><br />
<b><br /></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">Eu acordava cedo todos os dias para praticar, fizesse
chuva ou sol, tinha pânico
ainda de sair andando na rua, com o tempo passei a andar na rua da praça, mas
nunca em lugares mais ousados.</span></span></b><br />
<b><br /></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt;">Aí eu fui pra Holanda né, e acho que em menos de 24
horas após minha chegada eu já estava montada em uma bicicleta, o pais realmente tem mais bikes que pessoas de todos os jeitos, TODOS, eu mesma tinha três
bicicletas lá, incluindo a famosa <a href="http://www.google.com.br/imgres?um=1&hl=pt-BR&safe=off&client=firefox-a&rls=org.mozilla:pt-BR:official&authuser=0&biw=1920&bih=956&tbm=isch&tbnid=DJwaQom1kQsPYM:&imgrefurl=http://kiwidutch.wordpress.com/tag/bakfiets/&docid=ZIHTI9BSisnsOM&imgurl=http://kiwidutch.files.wordpress.com/2009/07/bakfiets2a-small.jpg&w=640&h=480&ei=AyteULmlDZKa8wTe1IHQDA&zoom=1&iact=hc&vpx=709&vpy=152&dur=878&hovh=194&hovw=259&tx=194&ty=142&sig=102554169849771157554&page=1&tbnh=139&tbnw=182&start=0&ndsp=46&ved=1t:429,r:3,s:0,i:77"><i>bakfiets</i></a>, bike de três rodas com uma
grande caixa na frente onde eu levava as crianças, as compras, o lixo, tudo,
ela era pesada, difícil de manejar, mas com o tempo aprendi as técnicas, ao fim
eu a achava muito pratica, na realidade sinto muita falta dela, até mesmo
quando tinha quatro crianças dentro, debaixo do frio, da chuva, ou da neve.</span></span></b><br />
<b><br /></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><br /></b>
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10pt;">Historias micosas com bicicletas na Holanda, no entanto, é o que não
me falta, não cheguei a cair, porque tinha tanto medo que ao invés de cair eu
jogava a bicicleta longe e saia dela em pulos mirabolantes, mas cheguei a quase
morrer quando perdi o controle da bakfiet em uma avenida ou quando atropelei a
perna de uma moça que havia caído no chão a minha frente após ser
atropelada pela au pair kid de uma amiga, quase atropelei turistas em Paris por esquecer que o freio era nas mãos e não nos pés como na Holanda, quebrei o pedaço de uma moto tentando
passar a bakfiet em um lugar estreito e fugi sem dar satisfações incentivada
pela menina mais velha e muitas outras infinitas gafes, os cara da bicicletaria me adoravam "lá vem a brasileira doida" certeza eles pensavam isso.</span></span></b><br />
<b><br /></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10pt;">Em uma bicicleta também acho que vivi meus momentos mais lindos lá fora; já escrevi aqui antes sobre meus momentos comigo mesma adentrando ciclovias no meio do nada junto com a minha bicicletinha, meus passeios com as meninas do bairro às quintas para os ladies night, bike trips de Haag à Leiden, de Best à Eindhoven, cantando ou conversando sobre a vida, lado à lado com as minhas meninas conversando sobre nossas historias juntas, rindo e fazendo sinfonia com os sininhos de nossas bicicletas, voltando ouvindo música muito alto do curso de holandês às 23h vendo o risco laranja do sol no horizonte, pedaladas de verão em Amsterdam junto com Enora, atravessando Paris de Agosto com Antoine, me perdendo, me achando, conquistando o meu mundo tão universalmente particular.</span></span></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10pt;">Desde que voltei pro Brasil devo ter andado de bicicleta duas vezes no máximo, simplesmente não consigo, não consigo ter animo, ter vontade, me faz falta todo um mundo voltado para as bicicletas, onde elas são orgulho e não alvo de retalhação, grito de luta, não sei explicar, apenas penso que amanhã supero isso, mas o dia nunca chega.</span></span></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><br /></span></span></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10pt;">Pra sempre dutch bicicletas aqui dentro do meu coraçãozinho errante.</span></span></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<b><span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><br /></span></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk1Tef-Ucx2igBkWOuTI_XzWhFw1YmaVRrGkfNZv95j_jUeUFigKdhlC79izJ_4WCYZxPrqofL7MKN_QFyyJH72PAn0FMzFs3_-TsSoeM1bVCJz4sZX1ciAUJJyQ_d1GyJnZaDZxWvonE/s1600/bikes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk1Tef-Ucx2igBkWOuTI_XzWhFw1YmaVRrGkfNZv95j_jUeUFigKdhlC79izJ_4WCYZxPrqofL7MKN_QFyyJH72PAn0FMzFs3_-TsSoeM1bVCJz4sZX1ciAUJJyQ_d1GyJnZaDZxWvonE/s320/bikes.jpg" width="320" /></a></b></div>
<div class="ecxMsoNormal">
<span style="font-family: Arial; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-family: Arial; font-size: 10pt;"><br /></span></span></div>
Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-44684826714136835792012-08-26T20:14:00.002-07:002012-08-26T20:14:52.461-07:00ensaios sobre a tecnologia<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhx5MwcLrQoukGzpq7m8uTApAR-sBA51jlIMDnmNhKqfj-1gTt4OtaG7nFzgxDj2fesO6Or7KE2LDOmd6l9AxWzTclbuHSLRDNV6LFkpFUlqRuHo4DeCdlVsHl3BAZgsw6c-8Ispfm-7is/s1600/tec.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhx5MwcLrQoukGzpq7m8uTApAR-sBA51jlIMDnmNhKqfj-1gTt4OtaG7nFzgxDj2fesO6Or7KE2LDOmd6l9AxWzTclbuHSLRDNV6LFkpFUlqRuHo4DeCdlVsHl3BAZgsw6c-8Ispfm-7is/s1600/tec.gif" /></a></div>
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Quando cheguei não entendi muita coisa direito, eram tantos dispositivos disso e daquilo que me senti automaticamente perdida, tá certo que o hostfather exagerava um pouco pois queria me explicar até como se usava o microondas, sempre me perguntei o que eles pensavam sobre minhas condições de vida no Brasil, já que no meu último dia Suzanne me perguntou se eu teria acesso à internet para mandar um email avisando que havia chegado bem, mas enfim.<br />
A casa não tinha chaves, a entrada era pela leitura da impressão digital, uma vez brinquei dizendo que "já pensou fosse leitura ocular?" e o hostfather respondeu "sim, eu fiz o orçamento, mas era exorbitantemente caro" okay, okay, juro que me recusaria a morar em um lugar desse, ia me sentir demais em um filme de ação americano todos os dias.<br />
Eu achava estranho que na dispensa eles só tinham a mangueira do aspirador de pó, cheguei até pensar "ao menos uma coisa deve estar errada", só que não, na realidade nas paredes tinham quadradinhos que quando abríamos começava a sugar, tudo que precisava fazer era colocar a mangueira lá e zas, não me perguntem pra onde esse bendito pó ia, me explicaram que tinha um compartimento em algum lugar da casa, mas eu preferia imaginar que ia pra um mundo paralelo.<br />
As cortinas do corredor fechavam automático, eu gostava disso, sei lá me divertia apertar o botão e ve-las revelando ou escondendo o mundo lá de fora enquanto eu cruzava a casa.<br />
A porta principal tinha travas elétricas automáticas, no inverno o chão se aquecia uniformemente, a luz do toillet acendia automático também, tava mal regulada então ficava escuro rápido, era ridículo ficar mexendo os braços sentadas no vaso, sério.<br />
Na cozinha tinha máquina de café e chocolate quente, máquina de vapor pra cozir os legumes, forno, microondas, fogão elétrico, lava louças e uns 5 programas de iluminação diferente, eu nunca decorei o certo, ficava apertando até achar o que queria, todos os dias.<br />
Quando tocavam a campanhia o telefone tocava também, aí dava pra abrir a porta apertando sei lá que botão, mas isso não funcionava direito, isso só me irritava na realidade. Tinha uma câmera na sala, era legal ver a cara das pessoas esperando alguem abrir aquela porta gigante de vidro. A campanhia de inicio era o nome da família gigantescamente e aí ninguém sabia que aquilo era a campanhia e ficavam batendo no vidro, era meio estupido isso, ai eles trocaram pra uma normal.<br />
A casa tinha um sistema de alarme irritante, um para quando não estravamos dentro da casa e outro pra quando estávamos, e em um ano apenas vi todos nos sendo vitimas dele, ele não ajudou em nada, resumindo, e cada visita por engano da segurança, que só chegava uma hora depois, custava cem euros, cem euros pra NADA, aí meus nervos.<br />
Botões do panico, tinha também, é claro, segundo eles era só apertar a segurança vinha direto sem ligar antes pedindo a sequência de números. Bah, eu pensava, quem vai atacar essa casa? As ovelhas, as lebres, ou o falcão, ele sim, parecia suspeito e misterioso.<br />
<br />
Uma noite acabou a luz, eu sozinha, claro, e toda essa tecnologia morreu, fácil assim, e eu dormi com a luz móvel da bicicleta acesa que havia me custado dois euros nas lojas Hema.<br />
<br />
Obrigada.<br />
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<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-59231039141040339542012-08-22T18:00:00.003-07:002012-08-22T18:00:32.050-07:00a mais velha.- Eu não consigo dormir, posso dormir aqui com você?<br />
- Tá, vem, deita aqui!<br />
<br />
E ela deitava, e ela dormia se eu cantasse, ela ficava arredia quando tinha medo, se fechava em um mundo particular, chorava doído de vez em quando mas na maior parte do tempo bancava a durona.<br />
Sabia falar sobre tudo, tinha opiniões concretas sobre tudo quanto era coisa, sempre me surpreendia<br />
<br />
- Você ama sua irmã certo?<br />
- Amo muito Jenny e acho que ela tambem me ama, mas irmãs brigam, é assim não é?<br />
<br />
Ela me lambia quando estava com saudades, sempre que me ligavam do carro ouvia sua voz chamando meu nome, tinha crises que nunca entendi tão bem, e chorou muito quando eu ri da sua boneca quebrada, me desculpei, eu juro.<br />
<br />
- Qual sua estação do ano favorita, verão ou inverno?<br />
- Não sei te responder isso, gosto das duas, o verão é legal porque tem piscina, mas o inverno é legal porque posso fazer bolas de neve, gosto das duas, não tem como responder isso.<br />
<br />
Sabia ser independente, podia passar horas brincando com playmobils e outras horas lendo.<br />
<br />
- Só mais essa página Jenny, só mais essa.<br />
<br />
A gente brigou diversas vezes, de igual pra igual, ainda mais quando ela queria trapacear nos jogos, eu sempre brigava, até esquecia que era a adulta alí.<br />
<br />
- Não vou mais brincar, você está me enganando - as regras em holandês me ludibriavam.<br />
- Não estou não! Você que não sabe brincar.<br />
- Você que não sabe, não quero mais.<br />
- Okay, nunca mais brinco com você.<br />
- Nem eu com você!<br />
E saíamos as duas pra cada lado da casa, meia hora depois estávamos brincando de novo.<br />
<br />
- Jenny você seria uma palhaço incrível.<br />
Ela sempre dizia, sempre dizia que eu era louca também, mas em geral eramos loucas juntas.<br />
<br />
- Jenny você é louca e eu sei, Jenny Penny Jennina Jenniperina<br />
- Você é louca, você que é.<br />
<br />
E rolávamos no chão ou algo parecido.<br />
<br />
- Como nascem os bebes, você sabe?<br />
- Claro que sei!<br />
- Ah é como?<br />
- As pessoas fazem sexo oras duh.<br />
- Ah.... - eu com cara de nada, esperando o velho papo da cegonha sei lá.<br />
<br />
Seus nove anos às vezes pesavam, ela não sabia o que fazer, quando estava muito perdida conversávamos e ela sempre tinha tanto a dizer, queria ter registrado tudo, como queria.<br />
<br />
Ela nunca dizia eu te amo, ao contrário da mais nova, mais a mais nova dizia, menos ela queria dizer, eu fazia cocegas nela dizendo "eu te amo tanto, tanto, tanto", ela somente ria e dizia "você é louca e eu sei"<br />
<br />
Nos últimos meses ficou fria, sempre lembrava pra todo mundo que estava indo embora, tratava do assunto com ironia e um certo desdem...ás vezes queria me machucar, parecia, esquecer, se proteger.<br />
<br />
Quando parti, foi quem mais chorou, quem mais chorou...<br />
<br />
<br />
______________________________________<br />
<br />
Eu te amo pra sempre pelo melhor e único ano juntas de nossas vidas, pequena.<br />
<br />
<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-34207689616176789052012-08-06T17:16:00.002-07:002015-03-22T15:07:14.420-07:00uma noite nos museusFui-me, embarquei-me, cheguei em solo holandês, senti frio, senti medo, foi a semana mais longa da minha vida, não me esqueço, ainda em São Paulo fazia planos pro próximo fim de semana, tinha uma vida tão ativa na minha terrinha e tinha medo de um certo marasmo holandês, era estranho programar planos corriqueiros para uma vida tão completamente avessa que já seria minha na próxima semana. Encontrei! Noite do museu em Rotterdam, relativamente bem perto de onde iria morar, então ao fim de minha primeira mais longa semana da vida, peguei o trem e parti para a tal noite, sozinha, pois nenhum dos meus ainda três contatos no país estava afim de passar a madrugada fria de março andando em museus, claro.<br />
Solidão não é problema, ainda mais em museus, em geral companhias me irritam mais que agradam, pra ser bem sincera, sem querer ser chata nem nada, mas eu nunca sei calcular velocidade dos passos em museus quando estou com outras pessoas, e quando encontro alguém que vai no mesmo ritmo encho o saco da pessoa para irmos sempre juntas e ela acaba ficando com medo de mim, exagero gente, serio! <br />
O sistema era simples, o ingresso era um botom que acendia luzes piscantes e desde que você ficasse com aquilo bem preso seria identificado como participante do evento, paguei acho que uns dez mangos e lá fui andar pela noite escura de Rotterdam com um mapa de museus e isso era tudo.<br />
Pelas ruas tudo que se via eram pessoas com pontos brilhantes no peito, eram minhas primeiras impressões daquele povo peculiar que iria conviver durante um ano inteiro.<br />
Teve uma abertura muito excêntrica na praça central, onde crianças jogaram ao àr balões e tudo, e depois todo mundo foi se espalhando, tinha museu pra caramba de tudo que era assunto e em um curto tempo-espaço, e em cada museu tinha eventos e pessoas e coisas excêntricas, lembro dessas moças no museu de Historia que ficavam pedalando uma bike atrelada ao um tear e então bolsas iam sendo produzidas, e elas davam as bolsas pras pessoas, lembro de um cover do Elvis no museu Naval, de um show muito coisa de outro mundo em frente ao mesmo museu, o vocalista usava sapatos enormes e gritava muito e tudo era assim, intenso demais.<br />
Já batia as 4 da manhã e eu sentia muito sono e frio, decidi voltar pro hostel que havia feito questão de me hospedar pois ficava nada mais nada menos que nas incríveis <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Cube_house">casas cubiculares de Rotterdam</a>, tudo era meio torto e ao acordar tive vertigem seguida de náusea mas foi divertido, te juro. rs<br />
Voltei pra Haia, cheguei em casa por volta das 14h, os hostparents me chamaram pra bater um papo.<br />
- Percebemos que você gosta de museus! Sozinha no inverno e tudo.<br />
- Sim, eu gosto um bocado.<br />
- Então toma, pegue esse dinheiro e faça essa semana mesma um cartão anual!<br />
<br />
Foi um dos melhores presentes, nunca o desprendimento me foi ruim afinal.<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXAWX42uoFJbdoiy_E2uuJn3lhPBNT8Zrjwc_GyHsSgHF5Dbygpbz9WztY0e_1I5qmnlNfOq5Qhyphenhyphenc_Aqhb-y0iC6g_qSboI5nicmooZU2IBpYI5q0qJbMYQOLn8YZYnFqVb-81mxH0xuI/s1600/rotterdam+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXAWX42uoFJbdoiy_E2uuJn3lhPBNT8Zrjwc_GyHsSgHF5Dbygpbz9WztY0e_1I5qmnlNfOq5Qhyphenhyphenc_Aqhb-y0iC6g_qSboI5nicmooZU2IBpYI5q0qJbMYQOLn8YZYnFqVb-81mxH0xuI/s400/rotterdam+2.jpg" height="266" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Rotterdam, das mais modernas cidades holandesas, reconstruída apos bombardeio de 1940</td></tr>
</tbody></table>
<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-28689651469795441452012-07-12T16:56:00.002-07:002015-03-22T15:11:30.035-07:00Langwer com açucar e com afeto.<br />
<br />
Era amor demais.<br />
<br />
Fui duas vezes para o norte do país mais plano do mundo junto com a família.<br />
Eram duas horas para atravessar boa parte do território nacional, em nosso carro lotado de ursos de pelúcia, pedaços de lanche e protetor solar.<br />
Era uma casa infinitamente menor que a casa que morávamos em Nootdorp e incrivelmente mais bonita e aconchegante, a sala me dava a impressão de estar dentro de um barco, e de fundo com ela a impressão se tornava mais real, pois o canal era largo e a água seguia calma em pequenas e delicadas ondas, tinha um barco atracado no pequeno píer, batizado de "animo", era da avó das crianças, havia sido dado pelo seu marido quando ela se recuperava de uma fase de fortes dores de cabeça.<br />
A vida em Langwer era docemente contrária a tudo que vivíamos na cidade, tínhamos longos cafés da manhã, todos juntos, todo partilhado, todos tinham tempo de me ouvir por um longo tempo, tentar me ensinar mais holandês, as meninas acordavam e corriam nuas pela casa, pulavam na minha cama, brincávamos de rolar na grama, elas se amavam, nunca brigavam e brincávamos como se o dia nunca fosse terminar, nada de horários marcados, compromissos, pressa e lição de casa.<br />
Amber e eu andamos um dia até o fim da cidade abraçadas, quase tropeçando em nossos próprios pés e tudo que me lembro é do riso dela sobre meus comentários cheios de devaneios sobre as vacas holandesas nos pastos.<br />
Eu ganhei livros em Langwer, me deixaram escolher em um sebo mágico de um velhinho simpático e em uma tarde eu andei sozinha pela estrada observando os potrinhos deitados nos jardins das fazendas.<br />
Hanna inventava brincadeiras cheias de historias e eu e Amber comprávamos todas, no fim do dia sempre apresentávamos para os pais mais um de nossos números inventados durante o dia, eles aplaudiam mesmo sem terem entendido nada, eu ria secretamente.<br />
Tive coragem de pular junto com elas nas águas do canal, meus pés não alcançavam o chão, fiquei lá os abanando por um tempo relaxada dentro de um colete, fomos atrás dos patos para doar pequenos pedaços de pão, mas eles fugiam, era triste.<br />
Fazíamos passeios com o "animo" quase todos os dias e parávamos nas margens para tomar chocomel com biscoitos Sultana e tentar mais uma vez alimentar os patos arredios.<br />
Em uma noite de sol holandês fomos no festival de argolas, casais vestidos em trajes do inicio do seculo passado passavam correndo em carruagens antigas para tentar pegar argolas presas em uma mão de madeira, com uma especie de arma, eu juro, nunca entendi nada, mas achei demasiado incrível, em especial as carruagens puxadas por cavalinhos mini de crinas trançadas.<br />
No último dia, fomos em um festival de balões, pessoas entravam naqueles cestinhos e partiam pelos céus em balões de todos formatos e cores, terminei o dia com um certo torcicolo de tanto olhar pra cima, não me arrependi.<br />
<br />
Antes de partir pela segunda e última vez, Suzanne me pegou fitando o canal pela janela da sala enquanto todos se arrumavam pela casa:<br />
- Dando uma última olhada para Langwer? - me perguntou com ternura<br />
- Sim, e lá no fundo do coração fico torcendo para não ser a última vez. - respondi sem desviar o olhar da água calma que se despedia de mim tão quanto eu me despedia dela, eu me sentia tão longe de qualquer coisa ruim, ali, protegida, na sala barco sendo invadida pela serenidade do canal.<br />
<br />
E mesmo que tenha sido a última vez, Langwer nunca se dissolveu em mim, habita confortavelmente nas entranhas como um sonho bom em cores saturadas pelo sol de verão.<br />
<br />
Como em um rabo de cometa, nas surpresas do tempo, nos presentes do passado.<br />
<br />
Com muito açucar e afeto, dank je wel.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnKKbkvs9Mr78YMDtGeBDg7rpgxVUHzJ5AlVZFzltLfS854xNNdtd1pUConJojJTbiUsCp5L5iZnmxT63bbR41J-bS6WjHZEQByoqUtTMgt5z42a2cbjoM5D_YS3fBFJdXmSlwhyphenhyphenzBxqg/s1600/langwer.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnKKbkvs9Mr78YMDtGeBDg7rpgxVUHzJ5AlVZFzltLfS854xNNdtd1pUConJojJTbiUsCp5L5iZnmxT63bbR41J-bS6WjHZEQByoqUtTMgt5z42a2cbjoM5D_YS3fBFJdXmSlwhyphenhyphenzBxqg/s400/langwer.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<br />
<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-65249070897376884712012-07-01T10:29:00.001-07:002015-03-22T15:17:21.485-07:00.olhos azuis de melancolia.eu encarei aqueles olhos de melancolia mais que uma vez, mais que duas, era sempre a mesma tristeza e a mesma vontade de chorar misturada com um certo desespero, não sei porque o dono dos olhos me confiou toda sua tristeza, eu tentei ajudar, mas era difícil, ele sentia, e eu quase que sentia junto, minhas palavras iam em ecos pelos céus, não sei se adiantavam, talvez os abraços sinceros adiantassem mais, eu sabia do futuro, que tudo ia ficar bem, queria que ele soubesse como eu sabia disso, mas não resolvia muito, ele porem continuou a confiar a mim sua tristeza, e eu minha certeza do amanhã mais doce.<br />
andamos muito de trem, pela capital mais cobiçada do mundo, e não nos importava muito, gostávamos mais de falar de cidades mais ao leste e de pessoas mais reais, a cidade luz de fundo era apenas um pano cobrindo nossos sonhos e nossas nostalgias partilhadas de estação em estação.<br />
eu observava suas peripécias, tarde tirando fotos em frente a grandes vitrines de natal, com bonecos robôs e crianças deslumbradas, trabalhos de escola de fotografia, quitutes de rua de inverno, discussões e risos, muitos dele, ele me fazia rir muito, apesar de seus olhos azuis de malencolia quase todo o tempo, não que me fazer rir seja muito difícil, mas mesmo assim, fazia, alem de sua risada que poderia fazer qualquer um se sentir feliz só em ouvi-la...<i>anyone but himself.</i><br />
na última noite que o vi de verdade, sentamos no chão do banheiro de uma festa e colocamos tudo pra fora, com misturas de vinho e bebidas brasileiras feita por mim, eu também coloquei meus olhos, não azuis, mas de melancolia também e disse tudo que sentia sobre a vida e sobre a existência, sobre aquela pseudo-vida maquiada de realidade que acabaria dentro de dois meses, falei escancarado do excesso do meu sentir sobre as coisas tantas, como eu sabia que ele vivia da mesma forma e por isso, naqueles meses e naquele exato momento o amava tanto por isso, o amava tanto, e então, eu mergulhei em todo aquele azul que me fitaram durante todo meu desabafo, ele não precisaria dizer nada, e disse mesmo muito pouco, mas me ouviu com toda certeza desse mundo, logo seria um oceano de distância e não mais algumas horas com uma fronteira invisível dessa união de países, meu olhos marejaram, um beijo na testa e de manhã ele já havia partido.<br />
costumo acreditar que quando não pensamos mais tão forte por alguem essa pessoa também já não se lembra mais, e talvez quando eu lembre ele lembra junto, existem esses casos de aproximação humana, que se perdem no tempo, assim, simplesmente e invariavelmente, até poucas fotos ficaram, e os olhos já traduzem outras histórias em espaços geográficos tão distintos, não há nada que se possa fazer, ou se queira fazer, nem força que se compre, nem melancolia que se venda, e então, foi isso e aquilo.<br />
<br />
Foi isso e aquilo.<br />
<br />
_________________________________________<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/MBtKvpuTdc8?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
ao som deJenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-22101834275783009252012-06-25T16:17:00.005-07:002012-06-25T16:25:50.742-07:00.diálogos possíveis.Sylvie e eu estávamos perdidas no centro de Belgrado, queríamos chegar no museu do <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Nikola_Tesla">Tesla</a>,
começamos a perguntar no ponto de ônibus abarrotado se alguem falava
inglês para nos ajudar porem estávamos tendo um pouco de dificuldade,
diga-se de passagem, quando então um senhor, de face redonda e
simpática, se aproximou, começou a falar com a gente, nos colocou
dentro de um ônibus, subiu junto, falou que nos ajudaria, explicou como
chegar no museu, que estava indo pro mesmo lado e então nos levaria
até lá, contou de sua família, seus filhos, que seu filho falava
francês, inglês e tudo, mas português não, falou sobre a cidade, falou
sobre o tempo também, comentou do Tesla e como o museu era legal,
apontou as principais ruas e avenidas, nos deixou na porta do museu
mesmo, e ainda, quando perguntamos onde poderíamos achar um cyber café
nos deu todas as coordenadas de como chegar em um, se despediu muito
feliz e sorridente, e então partiu, pelas ruas charmosas da maior cidade
da antiga Iugoslávia.<br />
<br />
O senhor não falava nada alem de sérvio.<br />
Nós não falávamos nada em sérvio.<br />
<br />
Diálogos possíveis<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAnd4SagDqPUs8weLlFDacB4EjfuZBPbkjrm-Q9YMEFUCmvDOKMy5lJxmncXGqFPLOyAjmZO4OxQ6P_bnZenvYui9J6kTTI10Dsipjmp2boQ1ppVEkke9hTQ7mLwiXznEZczRtbAJEoXA/s1600/belgrado-001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="293" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAnd4SagDqPUs8weLlFDacB4EjfuZBPbkjrm-Q9YMEFUCmvDOKMy5lJxmncXGqFPLOyAjmZO4OxQ6P_bnZenvYui9J6kTTI10Dsipjmp2boQ1ppVEkke9hTQ7mLwiXznEZczRtbAJEoXA/s400/belgrado-001.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Museu do Forte da cidade de Beograd</td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-2559363517563739722012-06-22T23:38:00.001-07:002012-06-22T23:38:08.110-07:00a lil bit of us<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiaoj2JQDhwGB1zbzXULPwOsOtKHDQmVIHraL1hXRV_Yai8MBayPQZ7eqHDMA2q5ISuhRlEFgWIcCSGSQ5zzuv45Wq7tmlJLQgsK5pCFg83TGu4OezW2ka1rqZGXP4WKBwSgIr5_l3-8k/s1600/invertida+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiaoj2JQDhwGB1zbzXULPwOsOtKHDQmVIHraL1hXRV_Yai8MBayPQZ7eqHDMA2q5ISuhRlEFgWIcCSGSQ5zzuv45Wq7tmlJLQgsK5pCFg83TGu4OezW2ka1rqZGXP4WKBwSgIr5_l3-8k/s320/invertida+2.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGQDpZDNNor7VCq8XWdlhps9OCDKKowbv6zhe4bl9k70AZFKXjYoJRlorB1EeuUUt-3gGqbY8u4iIEzU_pbKy1_PtHl0-6QcFPrV_2PStzsOsdnDbMzAB7CJQowaylDL1QU8C2f3fDDR4/s1600/invertidas+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGQDpZDNNor7VCq8XWdlhps9OCDKKowbv6zhe4bl9k70AZFKXjYoJRlorB1EeuUUt-3gGqbY8u4iIEzU_pbKy1_PtHl0-6QcFPrV_2PStzsOsdnDbMzAB7CJQowaylDL1QU8C2f3fDDR4/s320/invertidas+3.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicEub2fFeyeTerXv8iflOQSK2CoF7VY3wsL9ktm_CQHb9omg3V0hBlMyPvRgmgstzjbBefTuM-qM6ICl4SuOD1Aiig3dG81W5SbitQySwB6Xs0KhfxvNdoCVelIqTczbVnDwpunskL46U/s1600/invertido.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicEub2fFeyeTerXv8iflOQSK2CoF7VY3wsL9ktm_CQHb9omg3V0hBlMyPvRgmgstzjbBefTuM-qM6ICl4SuOD1Aiig3dG81W5SbitQySwB6Xs0KhfxvNdoCVelIqTczbVnDwpunskL46U/s320/invertido.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<b><i>Friesland, Maio '10</i></b></div>Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-27159720933547822402012-05-27T18:27:00.001-07:002012-05-27T18:31:30.619-07:00a ligaçãoTrocamos poucos emails, sempre com um excesso de cordialidade formal, primeiro vieram algumas fotos da casa e da família que eu certeza devo ter olhado mais de 365 vezes, mostrei pro pai, irmão, pros amigos, pra vizinha, e como disse, pra mim mesma, muitas vezes ao dia, era um ínicio de uma ideia que começava a ganhar uma forma alucinante e ao mesmo tempo um bocado assustadora.<br />
Então chegou o dia de uma entrevista por telefone, combinamos as 16h, horário de Brasília e desde as 15h eu comecei a passar mal de ansiedade, às 10 para as 16h eu estava tão nervosa, minha boca ficou tão mais tão seca que meus lábios praticamente colaram nos dentes, e deu 16h - jenny abraçando as pernas, e deu 16h10 e jenny olhando o telefone tão fixadamente acho que essa coisa de piscar nem existia mais, e deu 16h30 - jenny bebendo muita agua pra separar os labios dos dentes, deu 17 - jenny em posição fetal triste por ter sido negligenciada, esquecida, porque jenny é muito dramática.<br />
Resolvi mandar um email, minha vontade era dizer "EEEEEEEI POR QUE ME ESQUECERAM?? EU TO MORRENDO POR DENTRO DE ANSIEDADE" mas apenas disse "Boa tarde, percebi que não tiveram como me ligar, aconteceu algo?" e fui me arrumar para sair, meu pai ofereceu uma carona, fechei a porta da sala, antes mais uma olhadela no telefone "é esqueceram mesmo". Desci correndo as escadas, e quando ia alcançar o automóvel escutei, sim o telefone tocava, berrava, me chamava insistidamente, sabia que eram eles, e eu nem sabia quem eram eles, que seriam meus comparsas, cúmplices de uma família por um ano inteiro...corri de volta, pedi desculpas ao meu pai, abri tudo correndo, esbaforida, atendi e assim foi, a uma hora e meia de conversa que mudaria minha vida para sempre, com aqueles que haviam se confundido com o fuso-horário e não haviam me esquecido, uma conversa que me abriu um mundo, dez anos em um, me levou a vida dessas pessoas que acreditaram em mim mesmo quando disseram o contrário, e achavam bonito eu querer ser palhaça e professora e cineasta tudo ao mesmo tempo, que me irritaram e até chatearam algumas vezes, mas que me aceitaram e me deram chocolate quente no minuto em que cheguei e me amaram da forma deles de amar, em tardes na praia com o céu em tons de azul e rosa, e que mesmo hoje, tanto tempo sem nos vermos, e mesmo pouco nos falarmos, eles estão por aí, ainda fazendo parte de tudo e me fazendo marejar os olhos de quando em quando...de tantas saudades.<br />
Em realidade existem muitas palavras, mas eu nunca vou conseguir explicar nada direito...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://2.gvt0.com/vi/hOa_rPeRtn4/0.jpg" height="266" width="320"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/hOa_rPeRtn4&fs=1&source=uds" />
<param name="bgcolor" value="#FFFFFF" />
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<div>
<i>A time it was</i></div>
<div>
<i>It was a time</i></div>
<div>
<i>A time of innocence</i></div>
<div>
<i>A time of confidences</i></div>
<i><br /></i><br />
<div>
<i>Long ago it must be</i></div>
<div>
<i>I have a photograph</i></div>
<div>
<i>Preserve your memories</i></div>
<div>
<i>They're all that's left you</i></div>
<div>
</div>
<div>
</div>
<div>
<i>:ó) </i></div>Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-66260324709853211882012-05-13T23:13:00.003-07:002015-03-23T10:32:21.408-07:00Marselha e os dois dias<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">
Entrei
em um bar colorido de cunho esquerdista estudantil que vendia coisas
alternativas e biológicas, o muffin era de couve, por exemplo, o moço
por trás do balcão de Cabo Verde, mas nada de falar português, "na
França falamos francês", brincava ele. Na verdade tinha crescido em
terras francesas e de casa só aprendera o crioulo e os dotes culinários
da mãe, que exibia com gosto para os fregueses do bar.</div>
A menina
querida que me recebeu na cidade, brilhou pela primeira vez em minha
vida em uma tarde ensolarada na Vida Madalena, hoje, em Marselha, tenta
montar sua própria companhia de teatro.<br />
Éramos duas a viajar pelo sul das terras de Baudelaire, eu e minha amiga
de Bogotá, que só faltávamos correr e dar pulo lateral por estarmos
sentindo de novo um senso de realidade que nos fazia lembrar tão
vivamente de nossa latino América.<br />
A francesa de coração brasileiro nos foi preciosa guia turística, nos
ofereceu um café da manhã francês em sua colorida sala de estar. Na
noite anterior jogos teatrais, membros de sua família. Na manhã um
mercado de pulgas onde se encontrava de tudo e mais um tanto.<br />
Na ultima noite um jantar brasileiro, pão de queijo, feito com polvilho
comprado no Brasil, receita escrita em português de Portugal, difícil de
entender, mas deu certo, eu acho.<br />
No fim da noite Capoeira, Brasil mandava um grande beijo terno.<br />
Teve também um terraço muito ensolarado, um menino querido que nos
ofereceu café mesmo depois de invadirmos sua casa, sabonetes
tradicionais da região, ruas árabes e lojas com tantos temperos que
faziam coçar o paladar, lojas apinhadas de poster de cinema, ruas
estreitas e peças teatrais de rua, ao acaso.<br />
De meus dois dias de Marselha levei pra memoria as cores quentes, os
sons de revoltas trabalhistas, um charme de caos, a luz que brilha
intensa chega cega, a realidade viva das coisas imperfeitas e
inrotuladas, uma menina que me agradecia a cada gesto e outra que
aparece na minha vida de quando em quando, com olhos verdes de
saudosismo partilhado e uma flor vermelha no cabelo.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsC-pcXmLArT-eI4ZQyaDvdRHaE8dJZvwckanOebYHbI5t-WWd28AhWoRgZJaaCusPlh8aqTCfZUU8ByaYSMq_usLVuYaRaT1QRkd0-HmorpjGTwCHVt0yiEGGjT1f92Tqul6fhFh5cUc/s1600/marselha-001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsC-pcXmLArT-eI4ZQyaDvdRHaE8dJZvwckanOebYHbI5t-WWd28AhWoRgZJaaCusPlh8aqTCfZUU8ByaYSMq_usLVuYaRaT1QRkd0-HmorpjGTwCHVt0yiEGGjT1f92Tqul6fhFh5cUc/s400/marselha-001.jpg" height="300" width="400" /></a></div>
Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-53038137097868981742012-05-10T17:02:00.002-07:002012-05-10T17:02:53.213-07:00Amor gitano<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
As pessoas são invisíveis, até que nos demos conta do contexto social e histórico delas.<br />
<br />
Eu fui pra Europa sem saber quem eram os povos <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciganos"><i>Roma</i></a>, e de repente eles invadiram minha realidade por completo, logo depois que fui pra Macedônia e Dominique me falou tanto sobre eles, antes disso eles me passaram despercebidos.<br />
No Brasil também temos os Roma, mas aqui os chamamos de ciganos, creio que os nossos ciganos são de origem espanhola e na Espanha eles são chamados de gitanos, a imagem que temos deles é daquelas moças com dente de ouro e vestido cheio de cores, que pedem pra ler nossas mãos e podem até mesmo nos levar os anéis, mas em realidade os Roma estão em toda a Europa e em cada lugar eles assumiram uma posição diferenciada, eles são muito comuns na Europa leste, na Macedónia, por exemplo, existe um bairro suburbano de maioria cigana, Choutka, que fui visitar em meu último dia lá, casas humildes e coloridas, cheias de hospitalidade e conversas, mas todos eles tem essa vontade, devido a miséria, de migrar pra França, Bélgica, Alemanhã e assim vai, e muitos o fizeram, mas as leis de imigração são muito pesadas com eles, os Roma são marginalizados e esquecidos e indesejados por muita gente, ninguém sabe ao certo a trajetória deles, sabe-se que vieram da India por volta de mil anos antes por razões desconhecidas, e esse povo retirante, difícil de se compreender, que falam muitos dialetos, iam assumindo diversas caracteristicas do local encontrado, mantem a pele morena das Índias, e a habilidade para tocar instrumentos como ninguém, no leste são convidados para tocar e dançar em festas de casamento, mas são escorraçados de ônibus de viagens, eu mesma vi acontecer no ônibus que peguei de Skopje para Belgrado, é uma realidade triste, mas cheia de intensidade e mistério. São um bocado paradoxos, tem um sistema de defesa que pode ser hostil, mas a beleza de suas canções me arrepiam a alma, em minha ultima passagem por Bruxelas, encontrei um grupo que tocava em frente a estação, eu contribui com alguns euros e os fotografei, ao sair fui maltratada por um deles que não viu que eu havia já dado alguns euros e esses são os Roma, pessoas difíceis, mas encantadoramente talentosas.<br />
<a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Tony_Gatlif"><i>Tony Gatlif,</i></a> um cineasta Roma de origem argelina erradicado na França fez diversos filmes tentando captar a essencia dos ciganos, e foi no filme Latcho Drom que ele fez o mesmo trajeto dos retirantes começando lá na India subindo até chegar na Europa oeste, e é um filme que me tirou o sono e inquietou o pensamento por muitos dias.<br />
Quando visitei Choutka, passei uma tarde com uma família Roma, junto com Dominique, Estelle e Sylvie, eles nos ofereceram café e chá e biscoitos, e o patriarca da família falou muito macedônio, idioma comum entre ele e Dominique, ele falava nos olhando nos olhos enquanto Dominique traduzia tudo para um francês muito rápido, ou seja, a brasileira ficou em certa desvantagem, mas captei a essência das coisas, maior parte do tempo quis brincar com o neto dele, e brincamos verdadeiramente muito, sem o uso de uma única palavra sequer, naquela tarde eu tive a certeza, eu nunca mais irei brigar e ter rancor por coisas pequenas, e mesmo se o fizer, me sentirei muito mal por isso, não faz o minimo sentido, relações humanas são importantes demais pra isso e aquela foi uma das tardes mais gratificantes de todo meu ano europeu, ter feito rir uma criança que não entederia nenhuma palavra que dissesse.<br />
<br />
Deixo vocês com as minhas cenas favoritas de Latcho Drom, pra que possam entender um pouco a essência dos retirantes da Índia, dessa constante diáspora cheia de cores e canções.<br />
<br />
Começando onde tudo começou, com a dança fascinante das meninas indianas. <br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/7kpb4izdmcE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
Passando pela Europa Leste com a incrivel Taraf de Haidouks<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/BQn6Qb-9mD8?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Uma parada de trem na Hungria, sem duvida uma das minhas cenas favoritas de todo filme</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
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</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/MLnZhJxAyoo?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
E terminando com a canção apaixonada e triste dos gitanos, enquanto muito deles são retirados das habitações que ocuparam e as portas e janelas são seladas com tijolos e cimento.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/i2axMRdBUeA?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: right;">
<i>¿Por qué me escupes en la cara?<br />Qué más te podía hacer ser yo<br />que por ser morena y gitana? </i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Os roma instrumentistas de Bruxelas</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWjC7i_WKEGh8fGx0lm07Tcdc70F9uBqw5322ozU7L321rWwx98jC4VZfce0PjQKSCNXYM2-0WdDKT6ThLHQYH9y5f13KE8DsllMl3QJjGLqxwwJd3vuPfheSf3P79qLPYU1qcpVzhUiQ/s1600/romas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWjC7i_WKEGh8fGx0lm07Tcdc70F9uBqw5322ozU7L321rWwx98jC4VZfce0PjQKSCNXYM2-0WdDKT6ThLHQYH9y5f13KE8DsllMl3QJjGLqxwwJd3vuPfheSf3P79qLPYU1qcpVzhUiQ/s320/romas.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
A família Roma de Choutka (:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz9Zd8d8tVqfKmopC5j1DqEa22NVWlN1eNhGxVxZvV_Rh6wOCCqwlW804dp3GmYXVLWC-KKP4o7Xo1u5NlD7Rh9oD91akAWe1JgIqYeI9J0K0WZpQyno0DVCiU6sdnunvrmZQ3MSDozE0/s1600/romas+em+choutka.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz9Zd8d8tVqfKmopC5j1DqEa22NVWlN1eNhGxVxZvV_Rh6wOCCqwlW804dp3GmYXVLWC-KKP4o7Xo1u5NlD7Rh9oD91akAWe1JgIqYeI9J0K0WZpQyno0DVCiU6sdnunvrmZQ3MSDozE0/s320/romas+em+choutka.jpg" width="320" /></a></div>
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<br />Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6932495916073783715.post-51738956726710132492012-05-06T23:29:00.001-07:002012-05-07T09:54:59.636-07:00sombra de pernas e aros<div>
Leia ao som de<a href="http://grooveshark.com/s/Andvari/3o50BG?src=5"> Andvari - Sigur Rós</a></div>
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Em dia ocioso de sol, minha bicicleta vermelha e eu eramos inseparáveis, com ela eu descia pro lado direito, e direito outra vez, caía na ciclovia que encontrava de fundo com nossa casa, seguia pro esquerdo, passava pela pequena fazenda e suas ovelhas gordas de olhar curioso, adentrava o mundo paralelo do centro de reabilitação para pessoas com necessidades especiais, sempre cruzava um ou outro interno em suas bicicletas tão especiais quanto eles, eles sempre me diziam um olá fascinado, seguia, pegava a rua de casas ponteadas, assim como a Holanda era nas pinturas de minha infância, com direito a estatuas de campesinos e moinhos em miniatura, às vezes descia a ciclovia a esquerda, mesmo caminho pros campos de hockey, e foi lá que pela primeira vez consegui pedalar sem nenhuma das mãos, com ajuda do vento, mas na maioria das vezes apenas seguia em frente e então as casas terminavam e me encontrava em um mundo onde existiam apenas eu, a ciclovia, a bicicleta, vastos campos verdes, a sombra do meu pedalar entre aros refletida no chão, minhas canções, meus devaneios, a eloquência dos sonhos, a incompreensão do existir efêmero em tantas partes, de risos ecoados por toda cidade, de lágrimas com cor de travesseiro, medos e anseios cuspidos entre ausencia de cores, excesso de sentidos, epifanias atravessadas no nó na garganta e novas versões de mim em cada tintilar dos aros de minha bicicleta. Entrava então na ciclovia ladeada de altas e frondosas árvores, creio que minha ciclovia favorita em todo país, raios de sol entre a folhagem, me faziam acreditar na belevolencia do estado das coisas. Não consigo me lembrar de sensação de liberdade, de isenção, permissão de mim para mim mesma mais real do que essa, até hoje se fecho os olhos ainda posso ver, ainda posso ver, ainda posso...ainda.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIXmPBXWtWU6obDpwvF_wZxkW0sbHb7Yec721kpk0DRuu8ZFBGlyLszoUsxOWrWUBBDQNBcjBxrv-_aJtbxSWuEMqwiKwONQ9253nIBsJjODBCHyMEAIqmk07pUuIDNhX1S6UoWgBbJv0/s1600/holland-002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIXmPBXWtWU6obDpwvF_wZxkW0sbHb7Yec721kpk0DRuu8ZFBGlyLszoUsxOWrWUBBDQNBcjBxrv-_aJtbxSWuEMqwiKwONQ9253nIBsJjODBCHyMEAIqmk07pUuIDNhX1S6UoWgBbJv0/s400/holland-002.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">um dia de fotos em Nootdorp</td></tr>
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<br /></div>Jenny Souzahttp://www.blogger.com/profile/06440533427510820018noreply@blogger.com0