A família apoiava muito meus estudos, nunca chegavam atrasados do trabalho nesse dia, eu fazia o jantar, comia mais cedo, e partia, Suzanne estava sempre lá pontualmente as 18h me desejando boa aula a sorrir.
A escola de idiomas, a Volksuniversiteit, funcionava dentro de uma escola tradicional antiguissima que tinha um cheiro tão peculiar onde eu sempre me perdia pelos corredores.
A professora falou em ingles somente na primeira aula e depois nunca mais, era extremamente engraçado e assustador, mas com o tempo estranhamente eu comecei a entender, nunca havia imaginado ser possível. Deixei também de ser aquela analfabeta social, comecei finalmente a entender as placas, foi emocionante essa fase da minha vida lá.
Na sala tinha todo tipo de gente, tinha o russo Dimitri (of course) que levava um dicionario gigantesco mesmo, o pedreiro bulgaro que sempre respondia coisas absurdas, o venezuelano misterioso que nunca explicava exatamente o que estava fazendo na Holanda (eu tinha certeza que ele era um assassino procurado em seu pais), a unica outra au pair que era das Filipinas que não entendia nada x nada x nada, não falava nem inglês e sempre aparecia nas aulas com a cara arranhada pela criança que cuidava, o italiano que entendia tão pouco quanto a filipina e sempre fazia uma cara de terror quando a professora fazia perguntas pra ele e o jardineiro que era sem duvida o mais inteligente da sala, entre outros personagens ilustres. Todas essas pessoas faziam minha quarta -feira anoite muito mais divertida, papo sério.
Para o ultimo dia de aula a professora pediu que levássemos algo do nosso país, eu fiz beijinhos e brigadeiros toda animada, só que chegando lá tínhamos que explicar em holandês, droga, mas acho que consegui, ao menos todos gostaram dos doces. Jenny WIN, e nesse dia quando cheguei em casa com meu diploma, eu e os país celebramos com champagne e eles me deram uma grana extra. Jenny WIN ao cubo.
Não consegui aprender Holandês de fato, tem palavras impronunciáveis e quando estava na Holanda achava o idioma extremamente horroroso portanto tinha uma certa bronca, mas estudei pra valer, em Outubro, porem, me estorvei e me desliguei do idioma, hoje em dia, no entanto, me esforço pra não esquecer uma só única palavra, pois sinto que é o meu mais forte souvenir daquelas terras, daqueles dias, é uma parte das minhas meninas, do sorriso de Suzanne, nas noites ensolaradas em mim, uma parte muito viva que posso falar, mesmo que sozinha, todos os dias e sorrir pelas ruas brasileiras.
Saudades...define. Ternura...é o que restou.
Último dia de aula com as pessoas mais inusitadas ever. |
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