domingo, 1 de julho de 2012

.olhos azuis de melancolia.

eu encarei aqueles olhos de melancolia mais que uma vez, mais que duas, era sempre a mesma tristeza e a mesma vontade de chorar misturada com um certo desespero, não sei porque o dono dos olhos me confiou toda sua tristeza, eu tentei ajudar, mas era difícil, ele sentia, e eu quase que sentia junto, minhas palavras iam em ecos pelos céus, não sei se adiantavam, talvez os abraços sinceros adiantassem mais, eu sabia do futuro, que tudo ia ficar bem, queria que ele soubesse como eu sabia disso, mas não resolvia muito, ele porem continuou a confiar a mim sua tristeza, e eu minha certeza do amanhã mais doce.
andamos muito de trem, pela capital mais cobiçada do mundo, e não nos importava muito, gostávamos mais de falar de cidades mais ao leste e de pessoas mais reais, a cidade luz de fundo era apenas um pano cobrindo nossos sonhos  e nossas nostalgias partilhadas de estação em estação.
eu observava suas peripécias, tarde tirando fotos em frente a grandes vitrines de natal, com bonecos robôs e crianças deslumbradas, trabalhos de escola de fotografia, quitutes de rua de inverno, discussões e risos, muitos dele, ele me fazia rir muito, apesar de seus olhos azuis de malencolia quase todo o tempo, não que me fazer rir seja muito difícil, mas mesmo assim, fazia, alem de sua risada que poderia fazer qualquer um se sentir feliz só em ouvi-la...anyone but himself.
na última noite que o vi de verdade, sentamos no chão do banheiro de uma festa e colocamos tudo pra fora, com misturas de vinho e bebidas brasileiras feita por mim, eu também coloquei meus olhos, não azuis, mas de melancolia também e disse tudo que sentia sobre a vida e sobre a existência,  sobre aquela pseudo-vida maquiada de realidade que acabaria dentro de dois meses, falei escancarado do excesso do meu sentir sobre as coisas tantas, como eu sabia que ele vivia da mesma forma e por isso, naqueles meses e naquele exato momento o amava tanto por isso, o amava tanto, e então, eu mergulhei em todo aquele azul que me fitaram durante todo meu desabafo, ele não precisaria dizer nada, e disse mesmo muito pouco, mas me ouviu com toda certeza desse mundo, logo seria um oceano de distância e não mais algumas horas com uma fronteira invisível dessa união de países, meu olhos marejaram, um beijo na testa e de manhã ele já havia partido.
costumo acreditar que quando não pensamos mais tão forte por alguem essa pessoa também já não se lembra mais, e talvez quando eu lembre ele lembra junto, existem esses casos de aproximação humana, que se perdem no tempo, assim, simplesmente e invariavelmente, até poucas fotos ficaram, e os olhos já traduzem outras histórias em espaços geográficos tão distintos, não há nada que se possa fazer, ou se queira fazer, nem força que se compre, nem melancolia que se venda, e então, foi isso e aquilo.

Foi isso e aquilo.

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ao som de

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