terça-feira, 15 de abril de 2014

balões em multicolores

As pessoas começaram a ir embora de pouco em pouco, já tão agitadas pela alegria dos dias que invadiam os corações pelo verão parisiense.
Nós dois fomos ficando, cada vez mais agitados também, pela noite quente beira ao rio que nos consumia acelerada e doce.
Nos vimos os dois, alí sentados, depois de um dia cheio de gestos e palavras, de um reencontro repentino cheio de balões multicoloridos, malabares, amigos, amor e vinho.
As palavras foram encurtando, dando espaço para um silêncio suave. coração batia em compasso de canção feliz e rápida, calma e derretida.
Um jogo de palavras soltas qualquer, um óculos também e a certeza de que queríamos a mesma coisa veio assim, fugaz, dentro de um ritmo sútil e verossímil.
Dei-lhe um beijo na testa, um na bochecha, outro no queixo, leves beijos em toda sua face, ele os recebia em paz e de coração aberto.
"its feels so good" sussurrou.
Alcancei seus lábios e nos beijamos de forma inquieta e terna e quente, durou um instante e foi pra sempre.
Saímos pela cidade apaixonados dentro daquelas horas, brincávamos com todos os transeuntes, todas as verdades ditas e as não ditas, corríamos, andávamos lento, ríamos mais, andávamos mais rápido, atravessávamos onde não se podia, a morte seria impossível dentro de tamanha eloquência dos sentidos.
Cerrei meus olhos e pedi que me guiasse e o fez, braços passados em minha nuca, beijava-me a testa, dava orientações tão claras, sua voz entrava dentro da parte mais doce e suave que há em mim, por todos os cantos, não me deixou cair, nem tropeçar, me guiou pela cidade luz sem que nenhuma luz por mim precisasse ser vista, colocou sem saber aquele verão, em uma fotografia em preto, branco, em filtros frutacor, em monocromático e sépia.
Chegamos em seu apartamento no 16º arrondissement.
E tudo foi amor, calor e saudades.
Calor, amor e saudades
Amor e saudades
Saudades...

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