sábado, 23 de março de 2013

ensaios sobre a economia

Economizar, essa é a palavra de ordem de toda e qualquer au pair que se preze.
Eu fiz o mesmo, todas fizemos e quem não fez está mentindo.
Fiz trabalhos ridículos para uma grana extra, como preencher buracos com areia e não me peçam pra explicar, nas compras da família sempre incluía itens para minha pessoa, nas viagens os lanches de rua mais econômicos, levava lanche da casa grande, só andava de trem em horário fora de pico que tinha desconto, me hospedava na casa de qualquer pessoa, amigo de amigo, tio do amigo do primo do cachorro, ia de bike pra todo canto, pegava carona de uma cidade à outra com um bando de gente desconhecida, cinema era luxo, alugava filmes na biblioteca, no verão era só um euro, sucesso!
Roupas novas só na Zeeman a loja mais barata do mundo, jantava no restaurante da Hema que era quase de graça, no Burger King fazia questão do menu de 1.99 que eles nem divulgavam, sim, eu pulei catraca e dei de joão sem braço em trens e metros em diversas cidades e não me envergonho disso, sorvete de sorveteria só se estivesse com as crianças e logo com a carteira da família, caso contrário só no mercado, andava com colherinhas plasticas na bolsa e só comprava sobremesa no Albert Hein e afins. Roubava lenços de papel da casa, museu só os que aceitavam o cartão do museu, dispensava passeios pra passar o dia com a família onde não gastava com nada, o que era bizarro, pois apesar da pobreza também comia nos melhores restaurantes e bebia vinho todas as noites e morava em uma casa toda rica e desfrutava muito desses pequenos luxos, talvez mais que os próprios donos que só trabalhavam o dia inteiro.
E apesar da extrema pobreza não me importava em nada, sempre dava um jeito, e fiz tudo que o tempo me deixou fazer, e acho que não aproveitei em menos, a pobreza me levava à situações cômicas e pessoas incríveis que certamente não teria conhecido em restaurantes e ou hotéis de luxo.
Eu ganhei muito mais coisa, muitas mais, que dinheiro no mundo inteiro não compraria nem se ele quisesse. Sorrisos, afagos, piqueniques, viagens de bicicleta, gente inacreditável de incrível pelas estradas, histórias cheias de fascínio no antes de dormir, amores, risos, rostos, faces e lágrimas de saudades com promessa de pra sempre.

o coração será sempre gratuito

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