quarta-feira, 24 de agosto de 2011

.ensaio sobre viagens de bicicleta.

Leia ao som de Bicycle Race - Queen

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Pequenas, enormes, coloridas, floridas, fluorescentes, duplas, mono, normais, inusitadas, bizarras...
Na Holanda não existe tipo de bicicleta que não existe, entende? As famosas fiets como eles dizem. E apesar de toda planície nem sempre pedalar era a coisa mais fácil do mundo, em dias de ventania, que eram bem comuns por lá, eu sofria muito e minhas perninhas mais ainda, sem contar as grandes chances de ser derrubado pelo vento o que era um bocado assustador.
Em um dia ensolarado de domingo, porem, resolvi fazer uma bike trip, com a Alena, a menina tcheca que morava na rua de baixo. Nem foi assim uma viagem a lá Jules Vernes, fui apenas até Leiden, uma cidade 20 kilometros distante da minha, mas foi minha primeira e única e foi especial pra burro.
Levamos mais ou menos uma hora e meia pra chegarmos, paravámos para tirar fotos, apreciar moinhos de vento e canais, comer cenouras, tomar sorvetes nas sorveterias de pequenos vilarejos e conversar sobre nossas vidas na Holanda, sobre minhas peripécias no Brasil, sobre os verões em Praga de Alena. Era primavera, não fazia calor, mas o sol já começara a fazer um papel mais importante que apenas iluminar os dias de forma passiva, fomos por uma estradinha cheia de casinhas tipicas, fazendas, cavalos e ovelhas, e eu como sempre, quando no silêncio, me pegava imaginando a vida dentro de cada um daqueles universos, a sorrir.
Ao chegar em Leiden, nos juntamos aos outros trezentos e cinquenta mil ciclistas que circulavam pelas ciclovias da cidade, tinha um casal recém-casado saindo de uma igreja e convidados soltaram mais de cem bexigas coloridas ao ár quando eles desceram as escadarias, paramos em um café, visitamos um museu de arte egípcia e uma feira de rua, e é assim, varias fotos de memórias daquele dia solto no tempo, tão vivo na lembrança.
O regresso foi mais difícil, a temperatura tinha caído um pouco e o vento não estava ao nosso favor, em um momento quase já não sentia mais as pernas, mas era daquelas coisas impossíveis de se arrepender mesmo que fosse por um segundo.
Dormi cedo aquele dia, sorrindo como uma criança carregando um pacote de marshmallows.
Eu havia aprendido a andar de bicicleta faziam cinco meses então.


Obrigada Alena.

No meio do percurso.


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