terça-feira, 16 de agosto de 2011

.Holandês, a saga.

Eu comecei a estudar holandês mais ou menos um mês após ter chegado na terra dos moinhos, eram dois trams longe de casa ou 40 gorgeous minutos pedalando, na primeira vez fui de tram, desci no ponto errado, fiquei bem perdida e cheguei meia hora atrasada. EPIC FAIL. Apartir daí comecei a sempre ir de bicicleta e apesar da distancia esta aí uma coisa que me dá muita saudade, a cada semana escurecia mais tarde, ia chegando o verão, e no final ao chegar em casa, lá pelas 11h da noite ainda vi o corte laranja do sol lá no horizonte. Eu pedalava ouvindo musica, cantando e com uma sensação de liberdade tão tamanha, era muito bonito. O único problema era que com a chegada do verão muitas ciclovias ficavam enfestadas de mosquitos e eu tinha que pedalar com a boca bem fechada senão corria o risco de comer muitos deles, lembro de uma vez que um me atacou olho e ficou coçando pra burro.
 A família apoiava muito meus estudos, nunca chegavam atrasados do trabalho nesse dia, eu fazia o jantar, comia mais cedo, e partia, Suzanne estava sempre lá pontualmente as 18h me desejando boa aula a sorrir.
A escola de idiomas, a Volksuniversiteit, funcionava dentro de uma escola tradicional antiguissima que tinha um cheiro tão peculiar onde eu sempre me perdia pelos corredores.
A professora falou em ingles somente na primeira aula e depois nunca mais, era extremamente engraçado e assustador, mas com o tempo estranhamente eu comecei a entender, nunca havia imaginado ser possível. Deixei também de ser aquela analfabeta social, comecei finalmente a entender as placas, foi emocionante essa fase da minha vida lá.
 Na sala tinha todo tipo de gente, tinha o russo Dimitri (of course) que levava um dicionario gigantesco mesmo, o pedreiro bulgaro que sempre respondia coisas absurdas, o venezuelano misterioso que nunca explicava exatamente o que estava fazendo na Holanda (eu tinha certeza que ele era um assassino procurado em seu pais), a unica outra au pair que era das Filipinas que não entendia nada x nada x nada, não falava nem inglês e sempre aparecia nas aulas com a cara arranhada pela criança que cuidava, o italiano que entendia tão pouco quanto a filipina e sempre fazia uma cara de terror quando a professora fazia perguntas pra ele e o jardineiro que era sem duvida o mais inteligente da sala, entre outros personagens ilustres. Todas essas pessoas faziam minha quarta -feira anoite muito mais divertida, papo sério.
Para o ultimo dia de aula a professora pediu que levássemos algo do nosso país, eu fiz beijinhos e brigadeiros toda animada, só que chegando lá tínhamos que explicar em holandês, droga, mas acho que consegui, ao menos todos gostaram dos doces. Jenny WIN, e nesse dia quando cheguei em casa com meu diploma, eu e os país celebramos com champagne e eles me deram uma grana extra. Jenny WIN ao cubo.
Não consegui aprender Holandês de fato, tem palavras impronunciáveis e quando estava na Holanda achava o idioma extremamente horroroso portanto tinha uma certa bronca, mas estudei pra valer, em Outubro, porem, me estorvei e me desliguei do idioma, hoje em dia, no entanto, me esforço pra não esquecer uma só única palavra, pois sinto que é o meu mais forte souvenir daquelas terras, daqueles dias, é uma parte das minhas meninas, do sorriso de Suzanne, nas noites ensolaradas em mim, uma parte muito viva que posso falar, mesmo que sozinha, todos os dias e sorrir pelas ruas brasileiras.
Saudades...define. Ternura...é o que restou. 

Último dia de aula com as pessoas mais inusitadas ever.

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