segunda-feira, 6 de agosto de 2012

uma noite nos museus

Fui-me, embarquei-me, cheguei em solo holandês, senti frio, senti medo, foi a semana mais longa da minha vida, não me esqueço, ainda em São Paulo fazia planos pro próximo fim de semana, tinha uma vida tão ativa na minha terrinha e tinha medo de um certo marasmo holandês, era estranho programar planos corriqueiros para uma vida tão completamente avessa que já seria minha na próxima semana. Encontrei! Noite do museu em Rotterdam, relativamente bem perto de onde iria morar, então ao fim de minha primeira mais longa semana da vida, peguei o trem e parti para a tal noite, sozinha, pois nenhum dos meus ainda três contatos no país estava afim de passar a madrugada fria de março andando em museus, claro.
Solidão não é problema, ainda mais em museus, em geral companhias me irritam mais que agradam, pra ser bem sincera, sem querer ser chata nem nada, mas eu nunca sei calcular velocidade dos passos em museus quando estou com outras pessoas, e quando encontro alguém que vai no mesmo ritmo encho o saco da pessoa para irmos sempre juntas e ela acaba ficando com medo de mim, exagero gente, serio!
O sistema era simples, o ingresso era um botom que acendia luzes piscantes e desde que você ficasse com aquilo bem preso seria identificado como participante do evento, paguei acho que uns dez mangos e lá fui andar pela noite escura de Rotterdam com um mapa de museus e isso era tudo.
Pelas ruas tudo que se via eram pessoas com pontos brilhantes no peito, eram minhas primeiras impressões daquele povo peculiar que iria conviver durante um ano inteiro.
Teve uma abertura muito excêntrica na praça central, onde crianças jogaram ao àr balões e tudo, e depois todo mundo foi se espalhando, tinha museu pra caramba de tudo que era assunto e em um curto tempo-espaço, e em cada museu tinha eventos e pessoas e coisas excêntricas, lembro dessas moças no museu de Historia que ficavam pedalando uma bike atrelada ao um tear e então bolsas iam sendo produzidas, e elas davam as bolsas pras pessoas, lembro de um cover do Elvis no museu Naval, de um show muito coisa de outro mundo em frente ao mesmo museu, o vocalista usava sapatos enormes e gritava muito e tudo era assim, intenso demais.
Já batia as 4 da manhã e eu sentia muito sono e frio, decidi voltar pro hostel que havia feito questão de me hospedar pois ficava nada mais nada menos que nas incríveis casas cubiculares de Rotterdam, tudo era meio torto e ao acordar  tive vertigem seguida de náusea mas foi divertido, te juro. rs
Voltei pra Haia, cheguei em casa por volta das 14h, os hostparents me chamaram pra bater um papo.
- Percebemos que você gosta de museus! Sozinha no inverno e tudo.
- Sim, eu gosto um bocado.
- Então toma, pegue esse dinheiro e faça essa semana mesma um cartão anual!

Foi um dos melhores presentes, nunca o desprendimento me foi ruim afinal.

Rotterdam, das mais modernas cidades holandesas, reconstruída apos bombardeio de 1940

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